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EUA consideram que estão perto de retomar acordo nuclear com Irã

Porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, acredita que as 'questões pendentes possam ser superadas' em breve

Internacional|Do R7

Países tentam retomar pacto nuclear com o Irã, estabelecido em 2015
Países tentam retomar pacto nuclear com o Irã, estabelecido em 2015

Os Estados Unidos estimaram nesta quarta-feira (16) que estão perto de um acordo com o Irã para retomar o pacto de 2015 entre o governo iraniano e as grandes potências sobre os limites ao programa nuclear de Teerã.

"Tivemos um progresso significativo. Estamos perto de um possível acordo, mas ainda não chegamos" a concretizá-lo, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. "Acreditamos que as questões pendentes possam ser superadas."

Um diplomata ocidental confirmou que o potencial acordo "está bem encaminhado", enquanto outra fonte esperava uma conclusão "nesta semana" sobre um expediente em que raramente os prazos foram respeitados. No começo de março, já se falava em um acordo iminente.

Duas questões a resolver

O ministro das Relações Exteriores do Irã afirmou mais cedo que restam duas questões a ser resolvidas com os EUA nas negociações. Mas Price se negou a confirmar ou desmentir que se tratavam das garantias exigidas por Teerã pfara a sobrevida de um possível acordo mesmo em caso de alternância política nos Estados Unidos e da retirada dos Guardiões da Revolução da lista negra americana.


"Acreditamos que os problemas restantes possam ser solucionados", declarou Price. "Resta pouco tempo" até que os avanços nucleares do Irã invalidem completamente o acordo de 2015, que deveria impedi-lo de adquirir a bomba atômica, enfatizou, no entanto. "Isso precisa ser resolvido com urgência."

Inicialmente, o pedido se referia apenas ao campo nuclear e parecia "razoável", mas depois ele foi ampliado, deparando-se com a rejeição dos americanos, explicou uma fonte próxima à União Europeia, coordenadora das discussões.


Uma visita a Moscou do chefe da diplomacia iraniana desbloqueou o impasse, e a Rússia disse que havia recebido as garantias necessárias. A Rússia pareceu retirar um dos últimos obstáculos aos negociadores do Irã e das grandes potências, que, há onze meses em Viena, tentam salvar o pacto. E a libertação de dois iranianos britânicos por Teerã parecia trazer um novo sinal positivo.

O porta-voz da diplomacia americana "saudou" essa libertação e pediu à República Islâmica que também faça "avanços urgentes para a libertação dos cidadãos americanos detidos injustamente", questão que Washington colocou implicitamente como condição para um acordo.


O acordo nuclear de 2015 foi realizado pelo Irã, por um lado, e pelos Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, por outro. Mas os EUA se retiraram em 2018 sob o governo do presidente Donald Trump e reimpuseram sanções econômicas a Teerã.

Nova reviravolta

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, voltou a insistir hoje na questão de uma "garantia econômica" que proteja o país das sanções internacionais caso a história se repita.

Outro ponto de discórdia refere-se aos Guardiões da Revolução, grupo de forças armadas criado para defender os preceitos da Revolução Islâmica de 1979 e que conta com forte componente político, cuja retirada da lista negra é exigida pelo Irã, segundo uma fonte ligada ao assunto.

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Os negociadores não podem se permitir "fracassar agora", disse à AFP Ali Vaez, da organização de prevenção de conflitos International Crisis Group, embora especialistas lembrem que "uma nova reviravolta" não pode ser descartada.

"A cada hora que passa, aumenta o risco de o conflito na Ucrânia complicar as discussões", observou Daryl Kimball, da Associação de Controle de Armas. No entanto, diante do rápido desenvolvimento do programa nuclear iraniano, que agora enriquece urânio a uma taxa de 60%, próxima dos 90% necessários para fabricar uma bomba, "um restabelecimento rápido do pacto de 2015 é essencial para evitar outra grande crise", acrescentou.

A Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) da ONU divulgou hoje um relatório que oferece detalhes sobre esses avanços técnicos, que continuaram paralelamente às negociações em Viena.

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