EUA criticam a Rússia por 'deportações forçadas' de ucranianos para o país
Segundo apontam estimativas, entre 900 mil e 1,6 milhão de civis da Ucrânia foram realocados no leste e no sul do território russo
Internacional|Do R7
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, acusou a Rússia nesta quarta-feira (13) de deportar à força até 1,6 milhão de ucranianos para o território do país e acusou Moscou de montar uma operação criminosa deliberada para despovoar partes da Ucrânia.
Em um comunicado na véspera de uma conferência em Haia, na Holanda, sobre supostos crimes de guerra na Ucrânia, Blinken disse que Moscou está realizando uma operação de "filtragem" para realocar ucranianos de áreas ocupadas no leste e no sul do território russo.
"A transferência ilegal e a deportação de pessoas protegidas são uma violação grave da Quarta Convenção de Genebra sobre a Proteção de Civis e constituem crimes de guerra", disse Blinken.
O secretário de Estado destacou que estimativas de fontes que incluem o próprio governo russo situam entre 900 mil e 1,6 milhão o número de cidadãos ucranianos deportados para a Rússia, inclusive para áreas isoladas do Extremo Oriente russo.
O número inclui 260 mil crianças, algumas das quais foram deliberadamente separadas de seus pais para serem entregues à adoção na Rússia.
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Blinken acrescentou que o plano parece ter sido programado com antecedência e que coincide com operações semelhantes realizadas pela Rússia em outras guerras, incluindo a da Chechênia.
"As operações de 'filtragem' do presidente Putin estão separando famílias, confiscando passaportes ucranianos e emitindo passaportes russos em um aparente esforço para mudar a composição demográfica de partes da Ucrânia", disse ele.
É "imperativo" responsabilizar a Rússia por isso, insistiu. "É por isso que apoiamos os esforços das autoridades ucranianas e internacionais para coletar, documentar e preservar evidências de atrocidades", enfatizou Blinken.
A conferência sobre responsabilidades por supostos crimes humanitários na Ucrânia, que acontecerá na quinta-feira em Haia, foi organizada por iniciativa do ministro das Relações Exteriores holandês, Wopke Hoekstra; do promotor do Tribunal Penal Internacional sediado nessa cidade, Karim Khan; e do comissário da União Europeia, Didier Reynders.