EUA mudam foco no Ártico de pesquisa científica para segurança e defesa; entenda
Aquecimento global tem tornado as águas do norte mais navegáveis e, consequentemente, mais valiosas do ponto de vista militar
Internacional|Do R7
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O governo dos Estados Unidos vem alterando a forma como enxerga o Ártico. O que por décadas foi tratado como um território prioritário para a pesquisa climática agora passa a ser visto como área estratégica de segurança e defesa. A mudança ocorre em meio ao rápido aquecimento da região, que esquenta quase quatro vezes mais que o restante do planeta, e ao aumento do interesse político e militar sobre suas rotas e recursos naturais.
A inflexão começou no governo Trump, com ordens para acelerar a exploração de petróleo e gás no Alasca e para ampliar a frota de navios quebra-gelo. O presidente também chegou a manifestar intenção de expandir a influência americana sobre a Groenlândia. Desde então, os programas científicos federais sobre o Ártico vêm sendo reconfigurados para refletir esse novo entendimento estratégico.
Em maio, um comitê revisou um plano de pesquisa elaborado ainda na administração Biden e suprimiu referências diretas às mudanças climáticas, tema que por décadas estruturou as políticas científicas americanas na região. O documento também reduziu o espaço dado às contribuições de povos indígenas, historicamente parceiros em estudos sobre o impacto ambiental e social do degelo.
A Comissão de Pesquisa do Ártico, órgão independente que orienta a política científica dos EUA, divulgou em seguida um relatório que prioriza segurança militar, energética e comunitária. O texto descreve a região como “fundamental para a defesa da pátria e para a soberania dos Estados Unidos”. A vice-diretora da comissão, Cheryl Rosa, afirmou que o próximo plano nacional de pesquisa, com vigência a partir de 2027, será “claramente voltado para a segurança nacional”.
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O diretor executivo, John Farrell, explicou que a comissão “atua sob orientação da Casa Branca, que tem enfatizado a prioridade da segurança”.
As novas diretrizes afetaram diretamente a estrutura científica. Após quase quatro décadas de atuação, o Consórcio de Pesquisa do Ártico, financiado pela National Science Foundation, encerrou suas atividades por falta de recursos. A ex-diretora Audrey Taylor classificou a decisão como “agonizante”.
Apesar do recuo na pesquisa ambiental, Washington mantém atenção à transformação física da região. Um memorando recente do Escritório de Administração e Orçamento orienta as agências federais a investir em projetos que “garantam a navegação incontestável e a utilização estratégica do Ártico pelos Estados Unidos”.
O aquecimento acelerado tem tornado as águas do extremo norte mais navegáveis e, consequentemente, mais valiosas do ponto de vista comercial e militar. O gelo marinho atinge níveis mínimos históricos e o degelo do solo congelado libera gases de efeito estufa que agravam o aquecimento global.
Ao vincular o avanço científico à segurança nacional, os EUA sinalizam que pretendem disputar influência e garantir presença em uma das áreas mais sensíveis do planeta.
Perguntas e Respostas
Qual é a nova abordagem dos EUA em relação ao Ártico?
Os Estados Unidos estão mudando sua visão sobre o Ártico, que antes era considerado um território prioritário para pesquisa climática e agora é visto como uma área estratégica de segurança e defesa.
Por que essa mudança de foco está ocorrendo?
A mudança ocorre devido ao rápido aquecimento da região, que está esquentando quase quatro vezes mais que o restante do planeta, e ao aumento do interesse político e militar sobre suas rotas e recursos naturais.
Quando começou essa mudança na política dos EUA em relação ao Ártico?
A inflexão começou durante o governo Trump, que ordenou a aceleração da exploração de petróleo e gás no Alasca e a ampliação da frota de navios quebra-gelo.
O que foi alterado nos programas de pesquisa científica sobre o Ártico?
Recentemente, um comitê revisou um plano de pesquisa da administração Biden, suprimindo referências diretas às mudanças climáticas e reduzindo a participação de povos indígenas nos estudos sobre o impacto ambiental e social do degelo.
Qual é a nova prioridade da Comissão de Pesquisa do Ártico?
A Comissão de Pesquisa do Ártico divulgou um relatório que prioriza segurança militar, energética e comunitária, descrevendo a região como fundamental para a defesa e soberania dos Estados Unidos.
O que a vice-diretora da comissão afirmou sobre o próximo plano nacional de pesquisa?
A vice-diretora, Cheryl Rosa, afirmou que o próximo plano nacional de pesquisa, que terá vigência a partir de 2027, será claramente voltado para a segurança nacional.
Como as novas diretrizes afetaram a estrutura científica relacionada ao Ártico?
As novas diretrizes resultaram no encerramento do Consórcio de Pesquisa do Ártico, que atuou por quase quatro décadas, devido à falta de recursos.
O que o Escritório de Administração e Orçamento orientou as agências federais a fazer?
O Escritório de Administração e Orçamento orientou as agências federais a investir em projetos que garantam a navegação incontestável e a utilização estratégica do Ártico pelos Estados Unidos.
Quais são as consequências do aquecimento acelerado na região do Ártico?
O aquecimento acelerado tem tornado as águas do extremo norte mais navegáveis, aumentando seu valor comercial e militar. O gelo marinho atinge níveis mínimos históricos e o degelo do solo congelado libera gases de efeito estufa que agravam o aquecimento global.
Qual é a implicação da vinculação entre avanço científico e segurança nacional para os EUA?
Ao vincular o avanço científico à segurança nacional, os EUA sinalizam que pretendem disputar influência e garantir presença em uma das áreas mais sensíveis do planeta.
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