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EUA: pilotos cobraram Boeing sobre sistema 'oculto' antes de acidente

Em reunião, sindicato cobrou da empresa explicações sobre sistema apontado como causa do acidente na Indonésia, em outubro de 2018

Internacional|Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais

Boeing 737 Max-8 da American Airlines voa antes da proibição, em março
Boeing 737 Max-8 da American Airlines voa antes da proibição, em março

Membros de um sindicato de pilotos dos EUA confrontaram um representante da Boeing sobre um sistema 'oculto' nos aviões da linha 737 Max-8 logo após a queda de uma aeronave da Lion Air na Indonésia, em outubro do ano passado, que matou 189 pessoas. As informações são da CBS News, que teve acesso a um áudio da reunião.

A mesma função é considerada responsável pelo acidente com um avião do mesmo modelo, pertencente à Ethiopian Airlines, que caiu logo após a decolagem no início de março, com 157 pessoas a bordo, perto de Adis Abeba, capital da Etiópia.

Problemas no sistema

Nos dois casos, o sistema anti-stall conhecido como MCAS foi apontado como principal causa dos acidentes. Ambos ocorreram poucos minutos depois da decolagem, quando as aeronaves estavam em processo de subida para a altitude de cruzeiro.


O MCAS, acionado automaticamente sem interferência dos pilotos, tem como principal função evitar que o avião perca sustentação no ar. Nos casos da Indonésia e da Etiópia, o acionamento fez com que o nariz das aeronaves fosse apontado para baixo, jogando-as na direção do solo e causando as quedas.

Pilotos revoltados


O áudio mostra que os pilotos estavam furiosos após a queda do avião da Lion Air em Jacarta, especialmente porque eles nem mesmo tinham sido avisados de que o software do MCAS estaria instalado nas aeronaves.

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"Aqueles caras nem mesmo sabiam que essa porcaria de sistema estava no avião. Ninguém mais sabia", diz um piloto. 


"Nós simplesmente merecemos saber o que tem nas nossas aeronaves", reivindica outro. 

"Somos a última linha de defesa que protege os passageiros de acabar num monte de destroços fumegantes. E precisamos conhecer as coisas", reclama outro piloto.

"Não discordo de vocês", diz um representante da Boeing, não identificado. "Mas não sei se conhecer o sistema teria evitado o acidente. Tentamos não sobrecarregar as tripulações com excesso de informações. Precisamos ter certeza que estamos consertando as coisas certas, para não perder tempo."

Atraso nas medidas

A reunião onde foi gravado o áudio aconteceu no fim de novembro passado, um mês depois do acidente na Indonésia. No entanto, os Boeing 737 Max-8 foram mantidos no ar até março deste ano, quando aconteceu o segundo acidente, na Etiópia e as aeronaves da linha foram impedidas de decolar. No total, 346 pessoas morreram nas duas quedas.

A gravação foi entregue ao jornal Dallas Morning News pelo presidente do sindicato dos pilotos da American Airlines, Dan Carey. A partir dela, a Justiça Federal dos EUA abriu um processo contra a Boeing, para apurar se os processos de segurança da empresa estão de acordo com a legislação.

"Nós, os pilotos, estamos pedindo respostas da Boeing porque devemos aos nossos passageiros e às 346 pessoas que perderam suas vidas fazer todo o possível para evitar uma nova tragédia. A empresa não tratou a situação como a emergência que era e é por isso que estmaos tomando medidas legais", explicou Carey em um comunicado.

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