EUA: Prazo para reunir crianças e pais imigrantes acaba nesta quinta
Tempo dado pela Justiça para que o governo reúna pais e filhos imigrantes separados na fronteira termina e ainda restam centenas em abrigos
Internacional|Fábio Fleury, do R7
O prazo dado por um juiz federal para que o governo dos EUA reúna filhos de imigrantes detidos na fronteira com seus pais acaba nesta quinta-feira (26), mas o trabalho está longe de ser concluído. Segundo números divulgados nesta semana, pouco mais da metade das crianças até 5 anos e menos da metade daquelas com idades entre 5 e 17 já foram reunidos com seus pais ou parentes.
Os números foram divulgados durante uma audiência da Justiça Federal em San Diego, na última terça-feira. Outra audiência está marcada para esta quinta. De acordo com o governo dos EUA, das 103 crianças menores de 5 anos que estavam separadas dos pais, 58 tinham sido devolvidas. Outras 45 ainda estão em abrigos.
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Reunir o grupo de filhos de imigrantes com idades entre 5 e 17 anos será uma tarefa mais complicada para as autoridades. Dos 2.551 abrigados pelo governo durante a aplicação da política de tolerância zero na fronteira, apenas 1.187 (cerca de 46,5%) já foram devolvidos às suas famílias. Outros 1.364 (53.5% do total) continuam nos abrigos.
Pais deportados
Segundo a ACLU (União Americana das Liberdades Civis, na sigla em inglês), entidade que entrou com ação coletiva para reunir as famílias de imigrantes em todo o país, muitas das crianças que ainda estão sob custódia do governo poderão ter problemas para serem reunidas com seus pais.
O motivo é que o governo norte-americano admitiu na audiência de terça-feira que deportou já deportou 463 pais sem que seus filhos estivessem junto. Além disso, os advogados da administração afirmaram que ainda não existem informações precisas sobre o destino dessas pessoas e quem exatamente são os filhos entre as crianças que estão em abrigos.
"A falta de transparência do governo é gritante e agora beira a obstrução. Não podemos esquecer do fato de que o prazo para a reunião das famílias é baseado na exclusão dos pais que já foram deportados ou não foram localizados e na decisão unilateral e sem controle de quem tem direito à reunião ou não, por parte da administração", afirma Lee Gelernt, vice-diretor da ACLU.
Pais 'inelegíveis'
Cerca de 1600 pais eram responsáveis pelas crianças quando atravessaram a fronteira dos EUA com o México e foram pegos. Destes, 217 foram liberados para permanecer nos EUA e seguir com o processo de pedido de asilo. Outros 500 foram vetados, considerados 'inelegíveis', e 463 deles já foram deportados.
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Cerca de 900 pais ainda não sabem se terão condições de pegar os filhos de volta. Seus pedidos de asilo ou imigração estão sendo avaliados e ainda não se sabe se eles quando ou se eles serão reunidos. O governo está correndo contra o tempo para tentar obedecer a decisão da Justiça.
Casos brasileiros
Até o início da semana, 19 das 49 crianças brasileiras que tinham sido separadas dos pais na fronteira foram devolvidas às suas famílias. Outras 30 ainda estão em abrigos espalhados pelos EUA, segundo o Itamaraty.