EUA rejeitam demanda principal da Rússia, mas buscam diplomacia
Russos teriam pedido aos americanos que interviessem contra a adesão ucraniana à Aliança Atlântica
Internacional|Do R7
Os Estados Unidos rejeitaram nesta quarta-feira (26), em resposta escrita à Rússia, uma das principais demandas de Moscou, ao se negarem a fechar as portas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) à Ucrânia, mas afirmam ter proposto uma "via diplomática" para evitar uma nova guerra.
A carta, entregue pelo embaixador americano ao Ministério de Relações Exteriores da Rússia, chega em meio a tensões crescentes na fronteira russo-ucraniana, onde Washington disse esperar um possível ataque das forças russas.
"Tudo indica" que o presidente russo, Vladimir Putin, "vai usar força militar em algum momento, talvez entre agora e meados de fevereiro", declarou a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, que afirmou não saber se o mandatário russo já tomou uma decisão.
A número 2 da diplomacia americana garantiu que os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, que começam em 4 de fevereiro, podem influenciar a decisão, já que, em sua opinião, o presidente da China, Xi Jinping, não gostaria de ter Putin por lá caso "escolha esse momento para invadir a Ucrânia".
Países ocidentais acusam a Rússia de ter enviado mais de 100 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia, de olho em uma possível ofensiva. Moscou, por sua vez, exige garantias de segurança, incluindo a não adesão de Kiev à Otan.
Os russos, que enviaram rascunhos de tratados ao Ocidente, esperavam uma resposta por escrito. Do lado americano da Aliança Atlântica, isso se concretizou, com duas cartas separadas entregues em paralelo nesta quarta-feira.
No entanto, os Estados Unidos "deixaram claro" que estão "comprometidos em manter e defender a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, e o direito dos Estados de escolher os próprios acordos e alianças de segurança", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, à imprensa.
"Defendemos o princípio de portas abertas à Otan", diz Washington em sua mensagem, segundo Blinken.
Da mesma forma, o secretário de Estado reiterou vigorosamente os alertas ocidentais de uma resposta sem precedentes contra a Rússia no caso de invasão ao país vizinho.
No entanto, assegurou que esta carta oferecia "um canal diplomático sério, se a Rússia assim o desejar", e disse que estava disposto a falar novamente "nos próximos dias" com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, com quem se encontrou na última sexta-feira (21) em Genebra.
O governo americano propõe o relançamento das negociações formais sobre "controle de armas", em particular sobre a questão dos mísseis estratégicos e armas nucleares estacionadas na Europa.
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Também menciona "a possibilidade de medidas de transparência recíprocas em relação às posturas militares, bem como medidas para melhorar a confiança em relação aos exercícios e manobras militares na Europa", observou Blinken.
Nesta quarta-feira, negociadores russos, ucranianos, franceses e alemães se reuniram em Paris para tentar desescalar a crise após uma série de conversas russo-americanas na semana passada.
"É muito encorajador que os russos tenham concordado em voltar a entrar nesse formato diplomático, o único em que os russos estão envolvidos", disse a Presidência francesa, julgando que isso daria "uma indicação clara do estado de espírito" do Kremlin antes da reunião marcada para sexta-feira (28) entre Emmanuel Macron e Putin.