EUA: testes de DNA ajudam polícia e FBI a desvendar crimes antigos
Contudo, o acesso a banco de dados genético de empresas de DNA está sendo questionado por pessoas que sentem sua privacidade violada
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
Um cadáver de uma criança encontrado à beira de uma rodovia em 1998 incomodava a Polícia do Condado de Orange, na Califórnia. O corpo foi achado em um estado de decomposição muito avançado e só foi possível descobrir na época a causa da morte: estrangulamento.
Mas o avanço de tecnologias foi grande desde 1998, incluindo os testes de DNA. Ainda assim, as amostras não correspondiam a nenhuma pessoa no banco de dados de pessoas desaparecidas dos Estados Unidos.
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Os investigadores descobriram através do DNA que a criança tinha ascendência caucasiana e asiática em primeiro grau e começaram a pesquisar na internet famílias com essas características.
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Foi então que descobriram Natalie Mosteller que passara os últimos 20 anos tentando descobrir o paradeiro de seu primo, Robert “Bobby” Adam Whitt. A última notícia que tinha ouvido dele é que ele tinha se mudado com a mãe para a Coreia do Sul depois que seus pais se separaram.
Mosteller acreditava que seu primo estava na Coreia do Sul, mas o DNA confirmou que ele era na verdade o corpo que passou tantos anos sem identificação.
O mistério, no entanto, só aumentou, já que a polícia precisava descobrir agora o que havia acontecido com Myoung Hwa Cho, a mãe do garoto.
Mais alguns meses de pesquisa e a polícia descobriu um corpo de uma mulher asiática que havia sido descoberto em condições semelhantes a de Bobby: em 1998, à beira de uma rodovia. A causa da morte foi “insuficiência respiratória”.
Bastaram mais alguns exames para confirmar que aquela era a mãe de Bobby.
O pai do garoto, que já estava cumprindo pena por assalto na Carolina do Norte desde 1999, confessou ambos os assassinatos após a divulgação dos exames, em 2018.
Parceria polêmica com o FBI
Pouco tempo depois dos assassinatos de Bobby e sua mãe, a empresa Family Tree surgiu no mercado norte-americano oferecendo testes de DNA diretamente para pessoas que desejassem descobrir suas raízes e remontar suas árvores genealógicas.
A empresa cresceu com o passar dos anos e firmou uma parceria com o FBI para tentar desvendar crimes semelhantes.
No entanto, num primeiro momento, o FBI teve acesso ao banco de dados genético da empresa sem que os clientes soubessem, o que está causando controvérsias no país.
O banco de dados genético da Family Tree conta com pelo menos 1 milhão de registros.
A empresa confirmou que até agora cooperou com o FBI em 10 casos. No entanto, alguns clientes reclamaram nas redes sociais da violação de suas privacidades.
O acordo entre a empresa e o FBI só veio à tona na semana passada, depois de uma reportagem do Buzzfeed.