Ex-presidente afegão pede desculpa ao povo por ter fugido do país
Ashraf Ghani disse que sair do Afeganistão foi a decisão mais difícil de sua vida e negou ter roubado milhões de dólares
Internacional|Lucas Ferreira, do R7
O ex-presidente do Afeganistão, Mohammad Ashraf Ghani, se desculpou nesta quarta-feira (8) com a população afegã por ter fugido do país no dia 15 de agosto. Segundo o político, esta foi a decisão mais difícil de sua vida, mas teria sido tomada para garantir a segurança dos 6 milhões de moradores da capital Cabul e evitar confrontos armados contra o Talibã.
Em comunicado publicado nas redes sociais, Ghani afirmou que nunca quis abandonar o povo afegão após mais de 20 anos tentando “construir a democracia” no país.
“Deixar Cabul foi a decisão mais difícil da minha vida, mas eu acredito que esta foi a única maneira de manter as armas caladas e salvar Cabul e seus 6 milhões de habitantes. Eu tenho dedicado mais de 20 anos da minha vida a ajudar os afegãos a construírem uma democracia, prosperidade e soberania estatal – nunca foi minha intenção abandonar o povo ou essa visão.”
Ghani também se defendeu da acusação de que teria levado consigo milhões de dólares pertencentes ao Afeganistão. O ex-presidente se colocou a disposição para passar por uma auditoria independente de suas finanças e posses.
“Estas afirmações são completamente e categoricamente falsas. Corrupção é uma praga que prejudicou o nosso país por décadas e combater a corrupção foi o foco central dos meus esforços como presidente. [...] Eu recebo com felecidade uma auditoria oficial ou investigação financeira sob tutela das Nações Unidas ou qualquer outro órgão independente apropriado para provar a veracidade das minhas afirmações.”
O presidente deposto ainda encoraja que políticos do alto escalão afegão tomem a mesma atitude para mostrar ao povo do Afeganistão a honestidade do antigo regime.
Na última terça-feira (7), o Talibã anunciou o novo governo provisório do país. Mohammad Hasan Akhund, antigo conselheiro político do fundador do grupo, Mullah Omar, foi nomeado o líder do regime. Internacionalmente, a China celebrou o que chamou de ‘fim da anarquia’ no Afeganistão, enquanto os EUA consultarão aliados mundiais sobre a formação deste governo.
“É com profundo pesar que meu próprio capítulo terminou em tragédia semelhante a de meus antecessores – sem garantir estabilidade e prosperidade. [...] Meu compromisso com o povo afegão nunca enfraqueceu e me guiará pelo resto da vida”, concluiu Ghani.
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