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'Ferimentos graves são partes do corpo decepadas', diz esposa de militar sobre Azovstal

Em entrevista exclusiva ao R7, ucranianas relatam situação no último local de resistência em Mariupol

Internacional|Letícia Sepúlveda, do R7

Irmão de Sandra continua na siderúrgica
Irmão de Sandra continua na siderúrgica

O marido de Viktoriia* está entre os militares que se abrigaram na usina de Azovstal, local símbolo de resistência em meio à invasão russa da cidade portuária de Mariupol.

Nesta semana, 959 combatentes ucranianos foram retirados da siderúrgica, mas há relatos de que nem todos se renderam. Em entrevista exclusiva ao R7, ucranianas contam a situação dramática vivida por seus familiares.

Viktoriia diz que o marido sofreu um ferimento na perna, mas que seu estado não é considerado grave porque, apesar da lesão, consegue andar. 

“Em Azovstal, consideram que os soldados que estão feridos gravemente são os que perderam alguma parte do corpo ou os que se encontram em uma situação muito crítica”, diz. “Os combatentes estavam esperando um milagre acontecer para que pudessem sair, um herói que pudesse salvar os heróis da Ucrânia”, explica.


Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, foram retirados da usina 80 feridos, sendo que 51 precisaram ser hospitalizados em Novoazovsk, cidade na região de Donetsk, no leste do país. Por questão de segurança, Viktoriia preferiu não dizer onde seu companheiro está ou se conseguiu ser levado para um local seguro.

O marido da ucraniana entrou no complexo antes do fim do mês de abril, quando a ofensiva russa se intensificou e o número de soldados enviados por Moscou era grande demais para a resistência. Ela afirma que essa foi a maneira que os militares encontraram para permanecer em Mariupol, território estratégico para as tropas inimigas.


Viktoriia diz que a Ucrânia enfrenta o genocídio de seu povo. “Essa situação é um crime contra a humanidade e só agora a sociedade prestou atenção em Mariupol. Espero que esse terror nunca mais aconteça.”

Estoques no fim

A ucraniana Sandra*, que também conversou com o R7 com exclusividade, diz que seu irmão ainda está dentro da siderúrgica. O militar defende seu país desde 2014, quando a península da Crimeia foi tomada pelos russos. 


Sandra diz que ele enfrenta uma situação muito crítica dentro de Azovstal. “Os estoques de comida e água estão quase no fim, não há remédios básicos. Muitos dos feridos estão em estado crítico e os soldados morreram porque não tinha nada para aliviar sua dor. Eles comem uma vez por dia e a água potável acabou, bebem água técnica (adequada para uso industrial)."

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Desde que se abrigou na siderúrgica, o militar não consegue se comunicar com frequência com a família, suas notícias chegam por mensagens de celular quando consegue conexão de internet.

Para Sandra, o fato de seu irmão permanecer em Azovstal representa uma dor terrível: “Ele é a pessoa que mais amo nesse mundo, não posso vê-lo sofrer. Peço ao mundo que nos ajude a salvar nossos heróis.”

O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que o país ganhou um tempo importante para mobilizar suas tropas e receber ajuda, graças ao esforço dos soldados que resistiram em Mariupol. Segundo o Estado-Maior, os combatentes impediram que os russos conquistassem de forma rápida a cidade de Zaporizhzhia, no sudeste ucraniano.

*Os sobrenomes das mulheres foram preservados por conta do risco de serem identificadas

Veja fotos da rendição dos últimos soldados ucranianos que resistiam em Mariupol

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