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Fernando Villavicencio era direita ou esquerda? Veja como militava candidato assassinado no Equador

Ex-sindicalista e jornalista investigativo, político tinha como premissa romper com sistema atual e combater a corrupção

Internacional|Do R7, com informações da EFE e AFP

Villavicencio era mais de esquerda ou de direita? Combate à corrupção era a bandeira dele
Villavicencio era mais de esquerda ou de direita? Combate à corrupção era a bandeira dele Villavicencio era mais de esquerda ou de direita? Combate à corrupção era a bandeira dele (RODRIGO BUENDIA/AFP)

Imediatamente após o assassinato a tiros de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador e segundo colocado na última pesquisa de intenção de voto, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicaram mensagens em redes sociais para condenar o crime que tirou da disputa um político de direita.

Por outro lado, Villavicencio, que foi sindicalista e tinha o jornalismo investigativo como profissão, se definia como um centrista e pertencia ao movimento de centro Construye, apesar de originalmente ser da esquerda moderada.

As investigações que fez sobre corrupção o tornaram, porém, um dos mais ferrenhos inimigos do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) — associado à esquerda. Há algumas semanas, ele apresentou denúncias de irregularidades em contratos estatais.

Uma das investigações jornalísticas dele levou Correa ao banco dos réus. A reportagem, feita em parceria com o colega de profissão e amigo Christian Zurita, revelou uma rede de corrupção que pôs o ex-presidente e membros de seu governo na corda bamba por receberem propina de empresários.

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É por essa razão que Correa, que está refugiado na Bélgica e a quem Villavicencio se referia como "o fugitivo", foi condenado à revelia a oito anos de prisão.

Combate à corrupção e nova cadeia

Villavicencio, como outros candidatos, defendia uma luta frontal contra as máfias do crime organizado, em meio a uma campanha eleitoral marcada pela pior crise de segurança da história do Equador, que fechou 2022 com uma taxa de 25,32 mortes violentas por 100 mil habitantes, a mais alta desde que começaram os registros.

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Também tinha entre as propostas principais para ganhar a eleição a construção de uma cadeia de segurança máxima no meio da selva amazônica. "Meu governo vai ser um governo de mão dura contra a violência, mas vamos olhar principalmente para o desemprego", declarou recentemente à imprensa.

O suposto centrista se envolveu com a indústria do petróleo, da qual tinha amplo conhecimento, quando ocupou um cargo na área de relações com a comunidade da estatal Petroecuador. “Meu trabalho foi contra a indústria do petróleo porque o que fiz foi investigar e registrar os impactos desse setor”, disse. “Acabava sempre por fazer denúncias contra a própria empresa”, afirmou na ocasião.

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O candidato era um dos oito que vão concorrer à Presidência nas eleições gerais antecipadas, que serão realizadas em 20 de agosto. A imprensa local, especialmente o jornal equatoriano El Universo, o principal do país, declarou que Villavicencio foi morto "ao estilo de sicários e com três tiros na cabeça".

Villavicencio nas pesquisas eleitorais

O jornalista e ex-membro da Assembleia Nacional dissolvida em maio pelo presidente atual, Guillermo Lasso, aparecia na segunda colocação da disputa, com 13,2% das intenções de voto. Villavicencio estava atrás da advogada Luisa González (26,6%), única mulher e cuja campanha está ligada ao ex-mandatário socialista Rafael Correa (2007-2017). Os números são da mais recente pesquisa Cedatos.

Já a pesquisa Click Report, realizada entre os dias 5 e 6 de agosto, com 3.040 pessoas, mostrava Villavicencio apenas na quinta colocação, com 7,52% das intenções de voto. À frente dele estavam Luisa González (29,26%), Yaku Perez (14,42%), Otto Sonnenholzner (12,36%) e Jan Tapic (9,6%). A apuração tem 95% de confiabilidade e margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Ameaças de morte

O político, natural da cidade andina de Alausí, na província de Chimborazo, já havia denunciado ter recebido ameaças de morte nas semanas anteriores, em um contexto de preocupação generalizada com a segurança dos candidatos após outros ataques ocorridos.

Recentemente, o prefeito de Manta, Agustín Intriago, um dos mais populares do país, foi assassinado de forma semelhante, e o mesmo aconteceu com um candidato a deputado na província de Esmeraldas, no norte, na fronteira com a Colômbia.

Notícias de assassinatos e massacres ocorrem diariamente no país; segundo o governo, eles estão ligados principalmente ao crime organizado e ao narcotráfico, que nos últimos anos se fortaleceu na zona costeira do Equador e fez dos seus portos grandes trampolins para a cocaína que chega à Europa e à América do Norte.

Villavicencio tinha proteção policial, conforme o governo havia providenciado para todos os candidatos, embora sua irmã, Alexandra Villavicencio, tenha responsabilizado o Executivo pelo assassinato de seu irmão, por não fornecer proteção suficiente, em sua opinião.

Suspeitos presos

Até o momento, seis pessoas foram presas por supostos vínculos com o atentado, segundo ressaltou o MP equatoriano, após uma série de buscas realizadas em dois bairros de Quito.

O assassinato de Villavicencio causou grande comoção nacional, como afirmou o próprio Lasso, que prometeu que o crime não ficará impune.

Os outros sete candidatos que concorrem à presidência do Equador também expressaram suas condolências e solidariedade, enquanto alguns suspenderam sua campanha eleitoral. O esquerdista e ambientalista Yaku Pérez pediu aos demais um pacto sobre a crise de segurança.

Por sua vez, Correa afirmou que "o Equador se tornou um Estado falido" e também expressou sua solidariedade à família da vítima, que, em seu trabalho como jornalista, denunciou a perseguição que sofria por suas revelações sobre corrupção, que o levaram a ser foragido da Justiça e pedir asilo no Peru.

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