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Fotos de mulheres são vandalizadas em Cabul, capital do Afeganistão

Salões de beleza tiveram cartazes pintados com tinta preto; Talibã proíbe serviços voltados para o público feminino 

Internacional|Do R7

Outro salão que teve que fechar as portas amanheceu com as vitrines pichadas na terça-feira (17)
Outro salão que teve que fechar as portas amanheceu com as vitrines pichadas na terça-feira (17)

Quatro dias depois de os talibãs tomarem a capital Cabul, cartazes e fotos de mulheres que estavam em vitrines do comércio na capital afegã foram apagados ou vandalizados.

Quando o Talibã entrpu em Cabul no domingo (15), pelo menos um salão de beleza teve as imagens de mulheres sorridentes em vestidos de noiva, que apareciam como anúncios na fachada, apagadas com tinta preta.

Outro salão que teve que fechar as portas amanheceu com as vitrines pichadas na terça-feira (17). Com rifle no ombro, um membro do grupo radical fazia patrulha em frente ao estabelecimento.

No período entre 1996 e 2001, quando o grupo radical comandou o Afeganistão, os salões de beleza eram proibidos e as mulheres eram obrigadas a cobrir o corpo inteiro.


Essa situação só mudou quando as tropas internacionais lideradas pelos EUA derrubaram o Talibã, após o 11 de setembro, e serviços voltados para as mulheres, como manicure e cabeleireiros, passaram a ser permitidos.

Com rifle no ombro, um talibã fazia patrulha em frente ao estabelecimento
Com rifle no ombro, um talibã fazia patrulha em frente ao estabelecimento

"Não querem que as mulheres trabalhem"

Antes da ocupação estrangeira, o Talibã proibiu as meninas de frequentarem a escola, impediu as mulheres de trabalharem, ou de saírem de casa sem um acompanhante do sexo masculino. Mulheres acusadas de adultério foram apedrejadas, ou açoitadas, nas ruas.


A rigorosa interpretação da "sharia" (lei islâmica) levou os talibãs a instalarem uma polícia religiosa para suprimir os "vícios".

Atualmente, na tentativa de transmitir uma imagem de moderação e de mudança, os talibãs se comprometeram a "deixar as mulheres trabalharem", mas "respeitando os princípios do Islã". Não se explicou exatamente o que isso significa na prática.


Um de seus porta-vozes, Suhail Shaheen, afirmou que a burca não seria obrigatória e que as mulheres poderão frequentar a universidade, e as meninas poderão frequentar a escola. Muitos afegãos e representantes da comunidade internacional não escondem o ceticismo em relação a essas promessas.

Durante o avanço militar impressionante dos talibãs, vários veículos de comunicação relataram que mulheres solteiras, ou viúvas, foram obrigadas a se casar com combatentes. As notícias foram desmentidas por um porta-voz talibã, que as descreveu como "propaganda".

Em todo mundo, manifestações foram organizadas em apoio aos civis afegãos, em especial às mulheres e meninas afegãs.

Na quarta-feira (18), em uma declaração conjunta, União Europeia e Estados Unidos disseram estar "profundamente preocupados" com a situação das mulheres no Afeganistão e pediram aos talibãs para evitar "qualquer forma de discriminação e abuso", assim como a preservar seus direitos.

Em julho, a gerente de um salão de beleza em Cabul declarou à AFP que o estabelecimento teria de ser fechado se os talibãs voltassem ao poder.

"Se voltarem, nunca voltaremos a ter a liberdade que temos agora", desabafou esta mulher de 27 anos, que pediu para não ser identificada. "Não querem que as mulheres trabalhem", completou.

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