França aplicará imposto digital e nega que seja contra os EUA
Taxação atingirá as empresas de tecnologia apesar das ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump de taxar o vinho francês
Internacional|Da EFE
A França aplicará um imposto sobre empresas de tecnologia apesar das ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de responder com a imposição de tarifas sobre o vinho francês, e espera chegar a um acordo com Washington durante a cúpula do G7 no fim de agosto.
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O ministro de Economia e Finanças da França, Bruno Le Maire, lembrou neste sábado em entrevista à imprensa que a taxa conhecida como "GAFA" (acrônimo de Google, Apple, Facebook e Amazon) "não está dirigida apenas para empresas americanas, mas também afetará companhias europeias e chinesas".
A lei foi promulgada nesta semana e seu objetivo é fazer com que as grandes multinacionais paguem 3% de seu faturamento nos países em que efetivamente operam, não só naqueles que escolhem como sede social porque as condições tributárias são mais favoráveis, já que faturam na França graças às atividades realizadas pelos internautas franceses.
"A França aplicará a taxa aprovada por unanimidade no Parlamento", afirmou Le Maire, que insistiu que o encargo afetará todas as empresas tecnológicas com faturamento superior a 750 milhões de euros no mundo todo, não só as americanas.
O ministro afirmou que o presidente francês, Emmanuel Macron, falou ontem com Trump sobre o assunto e mostrou confiança de que os dois países chegarão a um acordo que possa ser assinado na cúpula do G7 em Biarritz (sul da França), para posteriormente ser objeto de um pacto universal na OCDE antes do fim de 2020.
Le Maire tem uma conversa marcada neste sábado com o secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, para avançar nas negociações.
A partir do momento em que houver um acordo global para aplicar essa taxa no mundo todo, a França renunciará a seu próprio imposto, explicou o ministro.
"A situação atual é inaceitável, e nosso objetivo é um imposto justo sobre a atividade digital no mundo", ressaltou o ministro.
Trump afirmou ontem que tomaria "ações recíprocas substanciais" contra a França, e sugeriu que as mesmas seriam dirigidas contra o vinho francês.
"A França acaba de impor um imposto digital às nossas grandes companhias de tecnologia. Se alguém cobra impostos, deve ser o país de origem, EUA. Anunciaremos ações recíprocas substanciais sobre a estupidez de Macron em breve", prometeu Trump no Twitter.
Le Maire disse hoje que espera que as questões do imposto digital e das tarifas sobre o vinho "não se misturem", e enviou uma mensagem de tranquilidade para os viticultores de seu país.