Funcionário anônimo do governo Trump detalha caos na Casa Branca
Em carta a jornal, o autor se identifica como um dos “adultos na sala”, como ele define os funcionários que tentam frear os impulsos de Trump
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
O jornal The New York Times publicou nesta quarta-feira (5) uma carta de um funcionário do governo que ocupa um alto cargo na Casa Branca, mas que desejou continuar anônimo fazendo graves críticas ao governo de Donald Trump.
A carta é intitulada “Eu sou parte da resistência dentro do governo Trump”. Antes mesmo de começar a carta, o jornal explica que conhece o autor da carta, mas que “seu trabalho seria comprometido” se sua identidade fosse revelada.
Logo no início, o funcionário explica que muitos dos funcionários da Casa Branca atualmente trabalham para “frustrar” os planos do presidente.
O próprio autor se identifica como um dos “adultos na sala”, como ele mesmo define os funcionários que tentam frear os impulsos de Trump.
O anônimo garante que o principal problema é a “amoralidade” de Trump. “Qualquer um que trabalhe com ele sabe que não está atrelado a nenhum princípio discernível que guie sua decisão”, afirma.
Além disso, o autor diz que embora Trump tenha sido eleito pelo Partido republicano ele vai contra os principais ideais do partido: mentes livres, pessoas livres e livre mercado.
Nesta semana, o renomado jornalista Bob Woodward publicou trechos de seu novo livro sobre o governo Trump. Nele, o escritor relata que muitos funcionários espontaneamente não entregaram documentos importantes para o presidente não pudesse assiná-los.
Relações Internacionais
A carta divulgada pelo jornal destaca que Trump tem muitos problemas em conduzir as políticas internacionais de seu governo.
Ele lembra os esforços que Trump fez para se aproximar da Coreia do Norte e da Rússia, enquanto se afastava de governos que compartilham os sentimentos dos Estados Unidos.
A pessoa que escreveu a carta realça ainda que Trump expressou sua indignação quando precisou expulsar “espiões russos” relacionados ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia. Não fica claro se o emissário está se referindo aos diplomatas russos que foram expulsos dos Estados Unidos, na ocasião.
Segundo o autor, Trump sempre fica contrariado quando precisa se opor aos interesses russos.
Sugestão de Impeachment
Por fim, o responsável pela carta insinua que por mais que já existam alguns pedidos de para que a 25ª Emenda da Constituição seja acionada e Trump seja destituído do seu cargo, ele não deseja que isso aconteça. Para ele, isso pode iniciar uma “crise constitucional”.
É necessário lembrar que Trump está sendo investigado pela suposta colaboração dos russos para sua vitória eleitoral e muitos de seus ex-funcionários como a ex-assessora Omarosa Newman e o ex-advogado pessoal de Trump, Michael Cohen já fizeram sérias acusações contra ele publicamente.
Há ainda uma lembrança ao senador John McCain, que morreu no último dia 25 de agosto. McCain era um dos críticos mais ferrenhos de Trump e sequer permitiu que ele fosse ao seu velório.
Traição?
Pouco depois da publicação do artigo, em um pronunciamento, o presidente Donald Trump criticou duramente o artigo publicado no The New York Times e disse que se trata de um editoral disfarçado.
Trump ainda se mostrou confiante e disse que será candidato na próxima eleição e será vencedor. De acordo com ele, quando seu suposto segundo mandato acabar, veículos como o NYT e a CNN, estarão acabados.
Ainda depois, ele publicou um tweet em letras maiúsculas onde indagava: TRAIÇÃO?