Governo da Espanha remove prótese de modelo em foto e insere perna para peça publicitária
Campanha do Ministério da Igualdade usou e alterou imagem da modelo britânica Sian Green-Lord sem informá-la
Internacional|Do R7
O Ministério da Igualdade da Espanha tem sido duramente criticado nos últimos dias por uma peça publicitária controversa. A pasta usou fotos de modelos sem autorização e até inseriu digitalmente uma perna no corpo de uma modelo que usa uma prótese.
A britânica Sian Green-Lord, de 32 anos, ativista que incentiva o amor-próprio, descobriu que o Governo da Espanha havia usado uma foto sua em uma peça publicitária depois que amigos lhe enviaram a imagem.
“Nem sequer sei como explicar a quantidade de raiva que estou sentindo agora... Estou literalmente tremendo, estou com raiva”, disse a modelo, segundo o veículo britânico The Guardian. “Uma coisa é usar a minha imagem sem a minha permissão, mas outra coisa é editar o meu corpo, meu corpo com a minha prótese.”
A campanha do Ministério da Igualdade era justamente sobre aceitação. A peça publicitária do Governo da Espanha tinha como tema “O verão também é nosso” e incentivava a presença de todos os tipos de corpo nas praias do país.
Além de Green-Lord, outras mulheres que aparecem na peça publicitária afirmam que não deram autorização ao ministério espanhol para que usasse suas imagens. A britânica Juliet Fitzpatrick, que aparece na imagem como uma mulher que realizou uma mastectomia, afirma que seu rosto foi usado sem ter sido informada.
“Penso que meu rosto pode ter sido usado e sobreposto ao da mulher com um só peito. Podem me dizer que imagens foram usadas para fazer essa mulher?”, questionou Fitzpatrick, que fez mastectomia nas duas mamas. “Não tenho seios e ficaria triste se o meu rosto tivesse sido colocado em um corpo com um.”
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Após a repercussão negativa da peça, seu autor, Arte Mapache, usou o Twitter para pedir desculpa às modelos por ter usado as fotografias na campanha. Segundo o artista, as imagens não tinham licença e eram de domínio público.
“Considero que a melhor forma de atenuar os danos que possam ter surgido da minha conduta é distribuir os benefícios derivados deste trabalho em partes iguais entre as protagonistas do cartaz.”
De acordo com Mapache, ele recebeu 4.490 euros (cerca de R$ 23,9 mil). Além de repartir o valor, o artista deseja comprar os direitos das fotos que inspiraram a arte.
“Minha intenção nunca foi abusar da imagem delas, mas sim transmitir em minha ilustração a inspiração que as mulheres [...] representam para mim”, concluiu Mapache.