Grande esquema de corrupção em estatal da Venezuela tem 19 presos
Investigações apontam esquema ilegal na PDVSA, empresa petrolífera comandada pelo governo de Nicolás Maduro
Internacional|Do R7
O presidente do Parlamento da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse nesta terça-feira (21) que ao menos 19 funcionários públicos e comparsas foram detidos na Venezuela em uma "cruzada" contra máfias dentro da estatal petroleira PDVSA, que levou à renúncia do poderoso ministro do Petróleo, Tareck El Aissami.
"Há 19 detidos até o momento e estou certo de que vêm mais", disse Rodríguez durante uma sessão na qual foi aprovado um acordo para apoiar as ações anunciadas na sexta-feira (17) pela PNCC (Polícia Nacional contra a Corrupção).
A corporação, que atua em sigilo, solicitou ao Ministério Público o "encaminhamento judicial" de funcionários que "possam estar envolvidos em graves fatos de corrupção e desvio de recursos".
Entre os detidos está o deputado Hugbel Roa, que teve imunidade parlamentar suspensa por "unanimidade" nesta terça-feira, após ter sido preso acusado por atos de corrupção na PDVSA.
"O pedido é de que se retire a imunidade para que o julgamento prossiga", disse o parlamentar e poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello, ao expor os argumentos para solicitar a ação contra Roa, próximo a El Aissami, que renunciou na segunda-feira (20) em meio à devassa anti-corrupção.
"Aqui retiramos a imunidade parlamentar de alguns deputados, alguns renunciaram por estarem envolvidos em delitos muito graves como o narcotráfico", sustentou Cabello.
Preso no domingo, Roa, que também foi ministro da Educação Universitária, Ciência e Tecnologia, foi um dos criadores da criptomoeda venezuelana Petro, respaldada nas grandes reservas de petróleo do país.
O parlamentar tinha entre "testas de ferro" o empresário Alejandro Arroyo, "dono de uma mansão no Country Club (um condomínio de alto padrão em Caracas), uma imensa frota de caminhonetes e times de futebol", disse à AFP uma fonte ligada às investigações.
"E o grave é que liderava uma rede de prostituição a serviço deste grupo, em que capturavam jovens para que lhes servissem de damas de companhia", acrescentou a fonte.
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O presidente Nicolás Maduro, que antes já havia anunciado cruzadas contra a corrupção, questionou que vários colaboradores, hoje detidos, levavam uma vida de "novos ricos" cheia de "extravagâncias".
O promotor Tarek William Saab apontou, por sua vez, que desde 2017, o Ministério Público investigou 27 "esquemas de corrupção" na PDVSA, que resultaram em mais de 200 detidos, entre eles altos gerentes da indústria de petróleo.