Haiti: gangue armada chantageia premiê com combustível
Grupo exige a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry; país enfrenta crise por conta da escassez de derivados de petróleo
Internacional|Do R7
O líder da principal gangue armada do Haiti, Jimmy Cherizier, conhecido como 'Barbecue', exigiu na última terça-feira (26) a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry como condição para permitir a distribuição de combustível no país.
"Nossa demanda é clara, pura e simples. Nossa exigência é a renúncia do primeiro-ministro", disse o líder da gangue G9 an fanmi e alye (Grupo dos 9 em família e aliados) em uma entrevista coletiva realizada em um momento em que o Haiti está passando por uma grave escassez de combustível causada pela ação de quadrilhas armadas.
A escassez tem aumentado nas últimas semanas devido a ataques a transportadores e chegou a um ponto crítico nos últimos dias devido ao bloqueio de estradas que levam a depósitos de combustível localizados na região portuária da capital, Porto Príncipe.
A falta de combustível está afetando o funcionamento de empresas, instituições públicas e hospitais, já que a maioria deles utiliza geradores elétricos movidos a derivados de petróleo.
'Barbecue' explicou que quer a renúncia de Henry porque seu nome foi mencionado na investigação da morte do presidente do país, Jovenel Moise, cometido em 7 de julho, já que algumas horas após o assassinato o atual chefe de governo falou ao telefone com um dos envolvidos.
O chefe do grupo armado disse que o Haiti precisa "que não seja 5% da população que controle 85% da riqueza do país".
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"Precisamos de um Haiti onde não haja um pequeno grupo de vagabundos que durante 25 ou 30 anos brincam de política. Acho que chegou a hora de nós, os jovens, tomarmos o destino do país em nossas próprias mãos", afirmou.
A última terça-feira marcou o segundo dia de uma greve geral de três dias convocada para protestar contra a falta de combustível e a insegurança no país.
A crise já forçou a suspensão do atendimento médico em 50 centros de saúde do país, 15 deles em Porto Príncipe, de acordo com a Unicef.