Israel pressiona Hamas pelo ar e convoca reservistas para ofensiva terrestre em Gaza
Exército de Israel afirma que as fronteiras estão sob controle e que agora vai partir para ataque por terra contra terroristas islâmicos
Internacional|Do R7, com Agência Estado, AFP e Reuters
Cinco dias após sofrer o pior ataque a seu território desde a Guerra do Yom Kipur, quando mais de mil de seus cidadãos morreram, Israel prepara os próximos passos da guerra declarada contra o grupo terrorista Hamas.
Nesta terça-feira (10), o Exército de Israel cercou a Faixa de Gaza, enclave de 365 km² próximo ao sul de seu território, com cerca de 100 mil soldados — o número de combatentes envolvidos no confronto pode ser muito maior. Mais de 300 mil reservistas foram mobilizados e outros 600 mil podem ser acionados.
"O próximo passo é avançar, começar a ofensiva e atacar o grupo terrorista Hamas", anunciou o general Dan Goldfus, da 98ª Divisão, a infantaria do Exército israelense. "Precisamos mudar a realidade em Gaza para evitar que aconteça de novo — dure o tempo que durar", disse ele a jornalistas de veículos de imprensa estrangeiros nesta terça.
Enquanto não são dadas as primeiras ordens de ataque por terra, as forças israelenses vão minando as defesas dos terroristas do Hamas com ataques aéreos que danificaram prédios em Gaza e já mataram mais de 800 palestinos.
A Defesa israelense prepara as tropas para uma "ofensiva completa" e anunciou o envio de mais armas para as forças da linha de frente do conflito, no sul do país, perto da fronteira com Gaza. "Vocês vão ter a possibilidade de mudar a realidade aqui. Gaza nunca mais será a mesma. O Hamas queria mudança em Gaza e vai ter a mudança oposta", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, às tropas na região de fronteira. "Eles vão se arrepender."
Hamas
A pressão israelense já está surtindo efeito do lado de Gaza. O grupo terrorista Hamas informou ontem que dois de seus principais líderes morreram nos bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, confirmando um anúncio feito mais cedo pelo Exército de Israel. "Eliminar os líderes do Hamas está entre as nossas prioridades", declarou o porta-voz da Defesa israelense.
Os dois pertenciam ao braço político da organização, que lançou uma ampla ofensiva contra o território israelense no sábado (7). Trata-se de Zakaria Muammar, encarregado de assuntos econômicos de Gaza, e Jawad Abu Shamala, que coordenava as associações com outros grupos palestinos como chefe de relações do Hamas, que governa Gaza desde 2006.
Alto risco
A invasão da Faixa de Gaza é considerada um movimento de alto risco, que parecia impensável nos últimos anos. Até a guerra ser deflagrada. O enclave de 365 km² é densamente povoado por mais de 2 milhões de palestinos, que praticamente não têm onde se abrigar no conflito. Por isso, uma incursão terrestre ameaça um banho de sangue.
A última vez em que isso aconteceu foi há quase dez anos, em 2014, quando Israel e Hamas se enfrentaram em uma guerra de 50 dias. Na época, os tanques e tropas israelenses abarrotaram as ruas estreitas do enclave na tentativa de destruir a infraestrutura do Hamas. Como resultado, morreram dezenas de israelenses e 2.251 palestinos, em sua maioria civis, incluindo mais de 500 crianças, segundo dados da ONU.
O governo de Israel, no entanto, está politicamente sem escolha, afirma Chuck Freilich, o ex-conselheiro nacional de segurança dos Estados Unidos. "As pessoas estão muito abaladas e querem ver uma mudança real na situação."
Os reféns israelenses, mantidos como prisioneiros na Faixa de Gaza, impõem novos riscos a uma operação terrestre, além dos já conhecidos. Na terça-feira, enquanto Israel retaliava o Hamas com uma série de ataques aéreos, os terroristas já ameaçavam que poderiam executar um refém para cada ataque promovido pelo outro lado.
Freilich, que atua como analista no Instituto Nacional de Estudos em Segurança, aponta três cenários possíveis para uma ofensiva. Uma incursão limitada para enfraquecer o Hamas, uma campanha para destruir as instalações do grupo terrorista ou uma tentativa de derrubar o Hamas do comando da Faixa de Gaza. As duas últimas provavelmente levariam a "meses de muito sangue", alerta.
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