Israel segue bombardeando Gaza e diz que não vai parar até 'desmilitarizar' o território
Exército israelense visou mais de 100 alvos, incluindo acessos a túneis e posições militares do Hamas
Internacional|Do R7
Israel prosseguiu com os bombardeios na Faixa de Gaza nesta terça-feira (26), depois de anunciar que pretende intensificar ainda mais sua ofensiva, até "desmilitarizar" e "desradicalizar" o território palestino governado pelos terroristas do Hamas.
Em Khan Younis, no sul de Gaza, era possível observar a fumaça provocada pelos bombardeios. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 30 corpos de vítimas de bombardeios foram levados nas últimas 24 horas para o hospital Nasser, nessa localidade.
O Exército israelense anunciou que visou, nas últimas horas, mais de 100 alvos, incluindo acessos a túneis e posições militares do Hamas, em particular em Jabalia, no norte, e em Khan Younis.
"O Hamas deve ser destruído, Gaza deve ser desmilitarizada, e a sociedade palestina deve ser desradicalizada. Estes são os três requisitos para a paz entre Israel e seus vizinhos palestinos em Gaza", escreveu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um artigo publicado no Wall Street Journal.
O chefe do Estado-Maior do Exército israelense, Herzi Halevi, afirmou que a guerra "continuará por vários meses" e que Israel buscará "preservar [seus] ganhos por muito tempo".
Na segunda-feira (25), durante uma visita às suas tropas em Gaza, Netanyahu anunciou que Israel estava prestes a "intensificar os combates nos próximos dias".
A Faixa de Gaza, submetida a um cerco total por parte de Israel desde 9 de outubro, estava ainda mais isolada do resto do mundo nesta terça, devido a um novo corte nas telecomunicações fixas e na internet, causado pela "continuação da agressão", indicou a companhia palestina de telecomunicações.
A guerra obrigou 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população de Gaza, a deixar suas casas, segundo a ONU, que expressou sua "profunda preocupação" com os bombardeios e instou o Exército israelense a adotar todas as medidas possíveis para proteger os civis palestinos.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, ao todo, 20.915 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram desde o começo das operações israelenses em Gaza, em 7 de outubro.
Israel iniciou sua ofensiva após uma incursão de combatentes islâmicos que resultou na morte de 1.140 pessoas no sul do país, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em dados israelenses.
O Hamas também sequestrou mais de 240 pessoas, das quais 129 permanecem em cativeiro em Gaza.
O Exército israelense informou que 158 militares morreram desde o início de sua ofensiva terrestre, em 27 de outubro.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos funcionários visitaram, na segunda-feira, o hospital de Deir al Balah, no centro de Gaza, após o bombardeio a um campo de refugiados próximo, registrou "relatos comoventes" de famílias inteiras dizimadas, indicou o diretor-geral dessa agência da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O bombardeio de domingo contra o acampamento de Al Maghazi matou 70 pessoas, segundo o Hamas. O Exército israelense disse que estava "investigando o incidente".
A entrada de ajuda humanitária em Gaza não aumentou de maneira significativa, apesar da aprovação, na sexta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que pede o envio "imediato, em grande escala e sem obstáculos" de material.
Em Israel, a pressão aumenta para obter a libertação dos reféns. Parentes das pessoas sequestradas interromperam na segunda-feira o discurso de Netanyahu durante uma sessão especial do Parlamento, com gritos de "agora, agora", depois que o chefe de governo afirmou que precisa de mais tempo.
"E se fosse o seu filho?", "80 dias, cada minuto é o inferno", afirmavam os cartazes dos manifestantes.
O Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, exige o fim dos combates antes de iniciar novas negociações sobre uma troca de reféns por prisioneiros palestinos.
Os países mediadores, Egito e Catar, tentam obter uma nova trégua, depois da pausa do fim de novembro, que permitiu a libertação em uma semana de 105 reféns em troca de 240 presos palestinos em Israel, além da entrada em Gaza de ajuda humanitária procedente do território egípcio.
Na Cisjordânia ocupada, onde a violência aumentou de maneira considerável desde o início do conflito em Gaza, dois palestinos morreram por tiros do Exército israelense nesta terça.
Os temores de que o conflito provoque uma escalada regional também aumentaram. A fronteira entre Líbano e Israel registra trocas de disparos quase diárias entre o grupo Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense. E os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, multiplicaram os ataques contra navios comerciais no mar Vermelho e no mar da Arábia.
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que bombardearam três posições de grupos pró-Irã no Iraque. O governo iraquiano denunciou um "ato hostil" que matou um integrante das forças de segurança e deixou 18 feridos.
O Irã acusou Israel pela morte, ontem, de um militar em um ataque com mísseis na Síria. A Guarda Revolucionária, exército ideológico iraniano, disse se tratar do general Razi Moussavi, um "comandante de logística do eixo da resistência" contra Israel, formado por Irã, Hezbollah, Hamas e os huthis.