Israel vai às urnas em nova eleição, mas com as mesmas dúvidas
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenta se manter no comando do país, mas as pesquisas mostram um panorama tão apertado quanto em abril
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Apenas cinco meses depois da última eleição geral, os eleitores de Israel voltarão às urnas nesta terça-feira (17), para votar na formação de um novo Knesset (o Parlamento do país). As mesmas dúvidas que pairavam sobre o país em 9 de abril continuam valendo para 17 de setembro, no entanto.
A principal delas: o partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, sairá novamente vencedor? Se sair vencedor, conseguirá formar uma maioria no Parlamento para governar? A sobrevivência política do premiê, que é alvo de denúncias de corrupção, e o destino do processo de paz na região vão depender das respostas.
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Para formar um governo, o partido vencedor precisa ter 61 parlamentares do total de 120 do Knesset. Até hoje, nenhuma legenda conseguiu fazer isso sem ser obrigada a formar uma coalizão com outros partidos. O vencedor tem até 42 dias após a votação para tentar formar esse tipo de aliança.
Incerteza nas pesquisas
As pesquisas de intenção de voto não conseguem dissipar essas dúvidas no momento. Segundo as pesquisas, o Likud de Netanyahu está virtualmente empatado com o partido de centro-direita Branco e Azul, do ex-general Benny Gantz, que foi a grande surpresa da eleição de abril.
O último levantamento, feito pelo jornal Haaretz, aponta que o Likud teria 36 parlamentares contra 35 do Branco e Azul. No entanto, na média de todas as pesquisas feitas pelo jornal, a situação se reverte, com uma margem de vitória ainda menor para o Branco e Azul: 32, contra 31,5 do Likud.
No terceiro, quarto e quinto lugares também há um empate técnico, entre a 'lista conjunta' — uma coalizão de quatro partidos árabes —, e os partidos Yamina e o Yisrael Beiteinu. Cada um pode ficar com 10 a 12 parlamentares, segundo as pesquisas.
Fiel da balança
O Beitenu é um dos concorrentes mais interessantes da corrida, porque a eleição desta terça acontece diretamente por ação de Avigdor Lieberman, ex-braço direito de Netanyahu e principal figura do partido. Na eleição de abril, a legenda tinha 5 assentos no Parlamento e se recusou a formar a coalizão com o Likud.
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Por causa disso, o partido de Netanyahu não conseguiu a maioria necessária e o Parlamento foi dissolvido, precipitando a nova eleição. Lieberman é um ultranacionalista, mas defende um governo mais laico em Israel, enquanto o Likud buscou principalmente o apoio dos judeus ortodoxos.
Com a votação que promete ser ainda mais apertada desta vez, o partido de Lieberman pode ser mais uma vez responsável pela consolidação ou não de um novo governo.
Caso Netanyahu vença a eleição e não consiga formar maioria, o presidente do país, Reuven Rivlin, pode pedir a Benny Gantz, outro ex-aliado do atual primeiro-ministro, que tente consolidar um governo a partir do Branco e Azul.
Como é decidida a eleição?
Em Israel, os eleitores votam nos partidos, não em candidatos. O partido que tiver a maior votação recebe o maior número de cadeiras no Parlamento, de maneira proporcional, e cada partido fornece uma lista em que seus candidatos são colocados em ordem de importância.
Para conseguir uma vaga no Parlamento, o partido precisa obter 3,25% dos votos válidos. Quem ficar abaixo desse limiar fica de fora e os votos são retirados da porcentagem total. As primeiras pesquisas boca-de-urna com as projeções do resultado devem começar a sair por volta das 22h locais (16h no horário de Brasília).