Equipe médica relata 'enorme desconforto pisicológico' em passageiros
Flavio Gasperini/ SOS Méditerranée /EFE/EPA - 04.07.2020As autoridades italianas permitiram que os 180 imigrantes a bordo do navio humanitário "Ocean Viking", administrado pela SOS Méditerranée, fossem a Porto Empedocle, na Sicília, para desembarcar nesta segunda-feira (6), informou a organização não governamental hoje pelas redes sociais.
"Alívio no 'Ocean Viking' quando o navio finalmente recebeu instruções para seguir para Porto Empedocle, Sicília. Os 180 salvos serão desembarcados no porto amanhã", disse a organização através do Twitter.
A SOS Méditerranée criticou a demora no desembarque, o que considerou um atraso desnecessário que teria colocado vidas em risco, já que alguns dos 180 ocupantes estavam a bordo há dez dias - foram salvos em 25 de junho. Entre os resgatados, há pelo menos 25 menores e uma mulher grávida.
"Nos últimos dias, a União Europeia tem permanecido em silêncio. Não vimos nenhuma iniciativa de repensar o Acordo de Malta para realocar as pessoas resgatadas. Não tem havido sinais de solidariedade com os Estados costeiros", criticou a ONG.
A organização declarou também que a equipe de médicos italianos que examinaram os migrantes neste sábado (4) descreveram em seu relatório o "enorme desconforto psicológico" que prevalecia entre os assistidos, algo que a SOS Méditerranée já havia denunciado nos últimos dias, chegando a declarar o estado de emergência a bordo na última sexta.
O navio prestou assistência aos 180 migrantes em quatro operações, a primeira das quais ocorreu em 25 de junho, e desde então solicitou a Itália e Malta pelo menos seis vezes a permissão para ir para suas costas, algo que ninguém havia consentido até agora.
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A espera e a falta de uma solução no horizonte por dias fizeram com que dois homens saltassem ao mar na última quinta (2), embora tenham sido recuperados pela tripulação, e outros três também tentaram. Na sexta (3), outro homem tentou se enforcar no convés.
A angústia também se traduziu em brigas entre os resgatados e ameaças de violência física contra a equipe da SOS Méditerranée.