Itália promete 'terapia de choque' para lidar com coronavírus
País deixou 16 milhões de pessoas em quarentena para controlar transmissão de doença e estuda outras medidas depois de prejuízo na economia
Internacional|Do R7
O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, prometeu uma "terapia de choque intensiva" para superar o impacto do surto de coronavírus, depois que o governo italiano interditou a maior parte do coração industrial e empresarial do país para enfrentar a crise.
Os comentários feitos por Conte nesta segunda-feira (9) ao jornal La Repubblica vieram depois que o governo adotou uma interdição virtual da região da Lombardia e partes da vizinha Vêneto, no norte, para tentar deter a proliferação do vírus na Itália, o país mais atingido da Europa.
"Não pararemos nisso. Usaremos uma terapia de choque intensiva. Para sair desta emergência, usaremos todos os recursos humanos e econômicos", disse.
Prejuízos na Itália
As medidas anunciadas durante o final de semana são inéditas no pós-guerra italiano, e refletem a disseminação rápida do vírus desde que este emergiu em uma cidade pequena nos arredores da capital financeira Milão no mês passado.
Leia também
Em pouco mais de duas semanas, o número de casos registrados saltou para 7.375, com 366 mortes, sobrecarregando o sistema de saúde e tornando difícil para as UTIs lidarem com o influxo de casos novos.
A bolsa de Milão, que já estava em baixa de cerca de 17% desde o surto no norte italiano, despencou na abertura do pregão desta segunda-feira, quando o índice blue chip FTMIB caiu 11%.
Com a economia já à beira da recessão, as medidas restringem a circulação para dentro e fora da Lombardia, a região mais rica e economicamente produtiva da Itália, que inclui Milão, e fecham muitos espaços públicos.
Instalações esportivas, bares e restaurantes foram obrigados a fechar ou a restringir a entrada e a manter uma distância de ao menos um metro entre as pessoas em suas dependências.
Voos internacionais partindo ou chegando ao aeroporto milanês de Malpensa foram suspensos, aumentando a pressão sobre setores que vão da manufatura ao turismo, já afetados duramente pela queda das encomendas e pelos cancelamentos de reservas.
Carcereiros apelaram por uma reação do governo depois que presidiários realizaram revoltas em prisões em locais como Salerno, Poggioreale, Modena, Frosinone e Opera.
Ecoando pedidos semelhantes da França, Conte disse que os limites de empréstimos rígidos da União Europeia deveriam ser afrouxados para permitir mais espaço fiscal para se manobrar e que a flexibilidade prevista nas regras orçamentárias do bloco deveria ser usada "plenamente".