Japão e Austrália fecham acordo de navios de guerra de R$ 35 bilhões para combater a China
Contrato prevê 11 fragatas modernas com foco em defesa marítima e reforço de parceria estratégica contra expansão militar chinesa
Internacional|Do R7
RESUMO DA NOTÍCIA
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O Japão e a Austrália anunciaram nesta terça-feira (5) um acordo histórico de U$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) para a construção de 11 navios de guerra, na maior exportação de defesa japonesa desde que o país flexibilizou a proibição de vendas militares, em 2014.
A parceria, liderada pela empresa japonesa Mitsubishi Heavy Industries (MHI), busca consolidar a cooperação entre os dois países para conter a crescente influência militar da China na região do Indo-Pacífico, segundo a agência de notícias Reuters.
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O contrato estabelece que três fragatas multifuncionais da classe Mogami, altamente automatizadas, serão construídas no Japão a partir de 2029, com a primeira entrando em operação na Austrália em 2030.
As outras oito serão fabricadas na Austrália, pela empresa Austal, em um esforço para transferir tecnologia e impulsionar a indústria local, segundo a Reuters.
Essas fragatas substituirão a envelhecida frota australiana da classe Anzac, que exige o dobro da tripulação – 170 marinheiros – em comparação com os 90 necessários para operar os novos navios.
As fragatas Mogami são projetadas para missões estratégicas, como caça a submarinos, combate a navios de superfície e defesa aérea.
Com um alcance de 18.520 km e capacidade para lançar até 128 mísseis de defesa aérea — um salto significativo em relação aos 32 da frota atual —, os navios oferecem maior poder de fogo e versatilidade, segundo o ministro da Indústria de Defesa da Austrália, Pat Conroy.
Por que esse acordo é importante?
O vice-primeiro-ministro australiano, Richard Marles, disse que os navios serão cruciais para proteger rotas comerciais marítimas nos oceanos Índico e Pacífico, onde a presença militar chinesa tem se intensificado.
“Esse acordo eleva nossa capacidade de projeção de força, essencial para enfrentar os desafios estratégicos da região”, afirmou Marles.
O acordo também reflete a mudança do Japão em direção a uma postura de defesa mais ativa, abandonando gradualmente o pacifismo adotado desde o fim da Segunda Guerra Mundial até 2014.
Para o Japão, que considera a Austrália uma “quase aliada” — já que os EUA são seu único aliado formal por tratado —, a parceria fortalece laços de segurança e envia um recado claro à China.
Como o Japão venceu a concorrência?
A escolha da Mitsubishi Heavy Industries superou a proposta da empresa alemã Thyssenkrupp Marine Systems, que oferecia a fragata MEKO A-200 com um preço mais baixo e maior experiência em construções no exterior, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
No entanto, Pat Conroy afirmou que a Mogami foi a “clara vencedora” em termos de capacidade, custo e cronograma de entrega.
O Japão aprendeu com a derrota em 2016, quando perdeu um contrato de submarinos australianos para a França. “Levamos essa lição a sério. O governo australiano reconheceu não apenas a tecnologia avançada dos nossos navios, mas também nosso comprometimento”, disse o ministro da Defesa japonês, Gen Nakatani.
Embora o acordo seja um marco, detalhes como preço final, sustentabilidade e transferência de produção para a Austrália ainda precisam ser resolvidos. Um contrato vinculativo deve ser assinado no início de 2026, segundo autoridades australianas citadas pela AP.
A MHI, que não tem experiência em gerenciar projetos militares no exterior, planeja contar com outras unidades de negócios para apoiar o projeto, informou Hiroshi Nishio, diretor financeiro da empresa, à Reuters.
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