Três homens brancos nos EUA foram declarados culpados, nesta quarta-feira (24), pelo assassinato do atleta negro Ahmaud Arbery, após persegui-lo em fevereiro de 2020 no estado da Georgia, um crime que alimentou os enormes protestos contra o racismo no ano passado.
Travis McMichael, que atirou com uma escopeta contra Arbery, seu pai Gregory e seu vizinho William "Roddie" Bryan, que participou da perseguição, foram todos declarados culpados de homicídio.
Os 12 membros do júri, entre os quais havia apenas um homem negro, levaram mais de 11 horas para deliberar o veredicto, que foi unânime.
Agora, Travis McMichael, de 35 anos, o policial aposentado Gregory McMichael, de 65, e Bryan, de 52, podem ser sentenciados à prisão perpétua pelo assassinato de Arbery. Os três também respondem a acusações de crimes de ódio na justiça federal, em um processo que será julgado no ano que vem.
Uma multidão reunida diante do tribunal em Brunswick, na Georgia, comemorou quando o veredicto foi anunciado, após cerca de um mês de julgamento.
"Digam seu nome: Ahmaud Arbery. Digam seu nome: Ahmaud Arbery", cantavam.
Vídeo do crime
Um vídeo do crime, no qual Arbery aparece desarmado e sendo perseguido, veio a público quase três meses depois do assassinato. O crime chocou os EUA e transformou Arbery em um ícone do movimento antirracista.
O caso impulsionou os protestos de 2020 nos EUA contra a injustiça racial provocados pelo assassinato de George Floyd em maio, no centro de Minneapolis.
Presos após a divulgação das imagens, os McMichael e Bryan se declararam inocentes. Eles afirmaram ter confundido o rapaz com um ladrão e invocaram uma lei estadual da Georgia que autoriza cidadãos comuns a fazer prisões. Também alegaram legítima defesa, acusando Arbery de ter reagido de maneira agressiva.
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Os promotores, por sua vez, disseram que não havia justificativa para tentar deter Arbery e nunca disseram que estavam tentando prendê-lo enquanto ele corria pelo bairro Satilla Shores, na localidade costeira de Bunswick em um domingo à tarde.
A promotora Linda Dunikoski disse que os McMichael, armados com uma escopeta e uma pistola, e Bryan não viram Arbery cometer qualquer crime nesse dia, mas "decidiram confrontá-lo".
O jovem "tentava escapar desses estranhos que gritavam e ameaçavam matá-lo", disse Dunikoski. "E foi o que eles fizeram".
Durante o julgamento, o júri viu um vídeo dos McMichaels, perseguindo Arbery em sua caminhonete e Bryan seguindo em seu próprio veículo enquanto filmava a cena em seu celular.
Em um momento, Arbery tenta contornar a dianteira do veículo dos McMichaels. Travis, que havia saído do carro, abre fogo com uma escopeta calibre 12. É possível ver Arbery ferido e lutando com ele antes de ser assassinado com outro tiro.