Justiça suspende início de julgamento de ditador por genocídio na Guatemala

Guatemala, 9 mar (EFE).- Uma Câmara de Apelações da Justiça da Guatemala beneficiou neste sábado o general golpista José Efraín Ríos Montt e suspendeu temporariamente o início do julgamento penal por genocídio e crimes de guerra, programado para o próximo dia 19 de março, informaram fontes oficiais. O advogado Héctor Reyes, um dos autores da denúncia contra Ríos Montt, disse aos jornalistas que a decisão da Câmara de Apelações "atrasa o início do julgamento oral", mas que se trata apenas de "um trâmite processual". A Câmara de Apelações concedeu o benefício solicitado pelos defensores do general reformado indo contra a decisão do juiz Miguel Ángel Gálvez que ordenou o processo contra Ríos Montt por genocídio e crimes de guerra cometidos pelo exército durante o período que governou o país, entre março de 1982 e agosto de 1983. Os advogados de Ríos Montt, de 86 anos, alegaram que o juiz Gálvez rejeitou a inclusão de vários peritos e especialistas como parte das provas oferecidas pela defesa, o que prejudica seu cliente. Reyes disse que vai analisar os argumentos da Câmara para beneficiar Ríos Montt e que farão as retificações correspondentes para que seja estabelecida uma nova data para o início do julgamento. Ríos Montt será processado junto com seu antigo chefe de inteligência militar, o também ex-general José Rodríguez, como autor intelectual dos assassinatos de 1.771 indígenas da etnia ixil, segundo a acusação da Promotoria de Direitos Humanos. O ex-general golpista será o primeiro ex-chefe de Estado a ser julgado por casos de genocídio e crimes de lesa-humanidade perpetrados pelo exército durante o conflito armado (1960-1996) que deixou 250 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos. EFE qual/rpr