Lava de vulcão Nviragongo para de avançar após erupção na RDC
Rios de fogo engolfaram aldeias no caminho, mas pararam perto da cidade de Goma; voos foram cancelados neste domingo (23)
Internacional|Da AFP, com R7
A cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo se “salvou” da lava do vulcão Nviragongo, que entrou em erupção na noite de sábado (22). Até o momento, 5 mortes foram confirmadas pelas autoridades da região.
"A lava parou em direção a Buhene, nos arredores de Goma ... a cidade foi salva", disse o general Constant Ndima, que relatou "um número provisório de cinco mortos" em acidentes durante a evacuação da população.
O imenso rio freou seu avanço durante a noite e foi imobilizado no bairro de Buhene, que marca o limite nordeste de Goma, onde os moradores temem uma nova erupção, confirmaram jornalistas da AFP neste domingo.
Da frente da lava, enegrecida e instável, emanam chamas e vapores fortes.
No seu avanço, a lava engolfou várias casas, das quais se é possível ver ferro retorcido e carbonizado.
A lava parou de se mover a poucas centenas de metros do aeroporto de Goma, de onde os aviões foram evacuados durante a noite, e onde todos os voos do dia foram cancelados, segundo uma fonte do aeroporto.
Pequenos terremotos
Cerca de dez pequenos terremotos foram sentidos em Goma desde o amanhecer.
"As autoridades locais que acompanharam o desenvolvimento da erupção ao longo da noite relataram que o fluxo de lava perdeu intensidade com alguns terremotos", disse o ministro da Comunicação e porta-voz do governo, Patrick Muyaya, no Twitter.
"A avaliação da situação humanitária está em andamento, outras comunicações seguirão durante o dia", disse ele.
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O vulcão Nyiragongo, cujas majestosas encostas escuras dominam Goma e todo o Lago Kivu, entrou em erupção na noite de sábado, surpreendendo a todos, incluindo as autoridades, que precisaram dar a ordem de evacuar a cidade logo em seguida.
"O céu ficou vermelho. Há um cheiro de enxofre. À distância, você pode ver chamas gigantes saindo da montanha", disse um morador à AFP.
Dezenas de milhares de pessoas fugiram para um posto fronteiriço próximo com Ruanda, ao sul de Goma, e a sudoeste da cidade, em direção à região de Masisi.
Em Ruanda, o acolhimento de milhares de pessoas foi realizado de forma pacífica, canalizado e organizado pelas autoridades.
A principal erupção anterior do vulcão Nyiragongo data de 17 de janeiro de 2002, que deixou mais de 100 mortos e cobriu quase toda a parte oriental de Goma com lava, incluindo metade da pista do aeroporto.
Naquela ocasião, a lava entrou na cidade e desaguou no lago Kivu.
Dois rios de lava foram observados na noite de sábado, um descendo para o leste, em áreas habitadas mas não urbanas, em direção à fronteira com Ruanda.
O outro rio correu lentamente para o sul, até chegar ao limite de Goma. No caminho, várias aldeias foram engolfadas pela lava.
"População preocupada"
Centenas de espectadores se aproximaram da frente de lava que se estendia até onde a vista alcançava, filmando com seus telefones celulares.
O mais ousado deu alguns passos rápidos sobre a lava fumegante.
“As pessoas estão voltando lentamente para suas casas, a situação está bastante calma no momento”, disse um vizinho.
“Mas a população ainda está com medo, está indecisa porque as autoridades não se comunicaram esta manhã”, acrescentou.
A situação estava relativamente calma em Goma. Moradores, na rua ou na frente de suas casas, observavam o vulcão e conversavam entre si.
Goma, a capital regional de Kivu do Norte, uma província conflituosa vizinha a Uganda e lar de vários grupos armados, tem quase 600 mil residentes.
A cidade abriga um grande contingente de capacetes azuis e muitos funcionários da Monusco, a missão da ONU no país. É também a base de muitas ONGs e organizações internacionais.
A região de Goma é uma área de intensa atividade vulcânica, com seis vulcões, incluindo Nyiragongo e Nyamuragira, muito próximos um do outro e a 3.470 e 3.058 metros respectivamente.
A erupção mais mortal de Nyiragongo em 1977 causou mais de 600 mortes.
Nestes dois vulcões, as erupções são frequentes, mas "suaves", com fluxos de lava que descem pelos seus flancos. Foi o que aconteceu em 2002.