Líderes das Farc: nova prisão de Santrich é 'traição' de acordo de paz
Parlamentares criticaram decisão do Ministério Público que levou ex-líder da Farc de volta à prisão logo após ele ser libertado, na tarde desta sexta (17)
Internacional|Da EFE
Líderes do partido político fundado após a dissolução das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) criticaram nesta sexta-feira (17) a nova prisão do ex-comandante da guerrilha Jesús Santrich poucos instantes após ele ter sido solto de uma penitenciária e afirmaram que a ação representa uma "traição" e uma "violação" do acordo de paz assinado com o governo do país em 2016.
"Santrich acaba de ser recapturado na porta de (o presídio de) La Picota. Mesmo assim, ninguém apagará a vitória contra os inimigos da paz assinada por um homem de infinita dignidade. Continuaremos lutando e resistindo. Venceremos", afirmaram as Farc em mensagem divulgada no Twitter.
O ex-líder da guerrilha foi preso após uma ordem de prisão solicitada pela Procuradoria-Geral da Colômbia ter sido atendida pela Justiça. Ele havia acabado de deixar a penitenciária de La Picota, onde estava preso a pedido dos Estados Unidos, que também quer sua extradição.
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Santrich tinha sido solto após decisão tomada na quarta-feira pela Justiça Especial para a Paz (JEP), tribunal especial criado no acordo entre o governo e as Farc para julgar crimes cometidos no conflito armado na Colômbia. O órgão também havia garantido ao ex-guerrilheiro o direito de não ser extraditado aos EUA.
A parlamentar Sandra Ramírez, também do partido das Farc, afirmou no Twitter que a nova prisão de Santrich é mais um ataque ao acordo de paz e denunciou que a medida desacata a ordem da JEP.
"A demora da libertação foi só para gerar outra montagem. Fazemos um apelo à comunidade internacional sobre essa violação dos direitos humanos", escreveu Ramírez na rede social.
O senador Pablo Catatumbo, que também integrou o comando das Farc, classificou o fato como "inédito" e pediu que as organizações internacionais garantam o cumprimento do acordo de paz.
As críticas foram reforçadas pela senadora Victoria Sandino, que acusou o presidente da Colômbia, Iván Duque, de trair o acordo e zombar da JEP.
"O que estão fazendo com Santrich é uma traição ao acordo, estão zombando da JEP, estão zombando de todos os que confiaram nesse acordo de paz. Não há provas de que ele tenha cometido qualquer crime", disse Sandino.
Santrich foi preso pela primeira vez em 9 de abril, acusado de praticar tráfico de drogas após a assinatura do pacto. Caso seja considerado culpado, o ex-guerrilheiro será julgado pela Justiça comum, e não pela JEP.