Macron é acusado de utilizar atentado de forma oportunista
Presidente francês foi a Estrasburgo, mas continua pressionado, mesmo após ter cedido em algumas reivindicações dos 'coletes amarelos'
Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7
O atentado a tiros da última terça-feira (11), em Estrasburgo, na França, que deixou pelo menos quatro mortos, se tornou um motivo a mais de acusações contra o presidente francês Emmanuel Macron.
A ação terrorista ampliou o conteúdo das críticas no momento em que Macron, mostrando-se abalado com o ocorrido, discursou em favor de uma conciliação nacional em função do ataque.
O presidente visitou nesta sexta-feira (14) o mercado de Natal em que ocorreu o atentado na cidade francesa, para se solidarizar com os familiares das vítimas e com a população local.
Como o movimento dos 'coletes amarelos' juntou direita e esquerda contra Macron na França
As últimas ações de Macron foram vistas por opositores e pelos líderes do movimento dos "coletes amarelos", que, desde o último dia 17, vêm promovendo manifestações contra o governo, como uma tentativa oportunista do presidente em utilizar politicamente o atentado. O suposto assassino Cherif Chekatt foi morto dias depois do crime, de acordo com as autoridades.
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Segundo o jornal Le Monde, a oposição, liderada por Marine Le Pen (Frente Nacional), Nicolas Dupont-Aignan (DLF - Libertar a França) e Jean-Luc Melenchon (LFI - França Insubmissa ) também consideraram que o governo está tentando utilizar a tragédia a seu favor. Melenchon foi enfático.
"Se começarmos a ceder a um assassino, alterando todas as nossas vidas, é ele quem ganhou."
Houve certa desmobilização do movimento após Macron ceder em duas das principais demandas dos manifestantes: aumento do salário mínimo e o cancelamento do aumento da CSG (Contribuição Social Geral) para os pensionistas que ganham menos de 2.000 euros (R$ 8.837,00) por mês.
A liderança dos coletes amarelos, porém, se mantinha firme em seus propósitos de não se contentar com tais medidas.
Priscillia Ludosky e Maxime Nicolle garantiram isso em coletiva de imprensa na última quinta-feira (13).
Indignados, eles juraram não se separar e manter o foco na busca de um "recuo dos privilégios do Estado", tendo como um dos instrumentos a luta por um referendo sobre as políticas ecológicas e fiscais, que pode incluir até a renúncia de Macron.
Segundo eles, que também estão acuados em função da violência dos protestos em algumas cidades, a nova manifestação, marcada para sábado (15), está mantida. Mesmo após os apelos do governo, que afirmou não ser razoável sobrecarregar a polícia, neste momento atarefada em manter a segurança contra atentados no país.
Veja a galeria: 'Coletes amarelos' seguem nas ruas, apesar de recuo de Macron