Maduro classifica bloqueio dos EUA como 'terrorismo econômico'
Donald Trump assinou na segunda-feira (5) ordem executiva de bloqueio total aos bens estatais do governo da Venezuela em território americano
Internacional|Da EFE
O governo da Venezuela classificou nesta terça-feira (6) como "uma nova e grave agressão" de "terrorismo econômico" o bloqueio total dos bens estatais venezuelanos sob jurisdição dos Estados Unidos anunciado por Donald Trump.
Em comunicado, o governo de Nicolás Maduro argumenta que as autoridades dos EUA pretendem "formalizar o criminoso bloqueio econômico, financeiro e comercial" através da ordem executiva que entrou em vigor na segunda-feira. A medida congela todos os bens estatais do governo venezuelano em território americano.
"Todos os bens e interesses em bens do governo da Venezuela que se encontram nos Estados Unidos ficam bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou negociados de outra maneira", determinou Trump.
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Segundo o governo Maduro, as diferentes medidas já aplicadas por Trump ocasionaram "severas feridas na sociedade venezuelana durante os últimos anos" e buscam "asfixiar o povo venezuelano" para "forçar uma mudança de governo inconstitucional" na Venezuela.
Em comunicado, o governo venezuelano destaca que além do roubo "ilegal" da Citgo, a filial da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) em solo americano, e das sedes diplomáticas venezuelanas, os EUA buscam "usurpar e saquear" os bens do país sul-americano.
A Venezuela enfatizou que as medidas tomadas por Trump "apostam no fracasso do diálogo político na Venezuela", mas advertiu que o bloqueio anunciado não afetará "os processos de diálogo político no país" e que mantém "sua vontade inquebrantável de conseguir acordos nacionais em diferentes dimensões" para alcançar a paz.
O texto se refere a Trump como "um magnata supremacista em campanha eleitoral" e "um falcão de guerra, antiquado, obsessivo e desesperado para não perder o emprego".
O outro lado
Os principais alvos do bloqueio imposto aos bens do governo da Venezuela nos Estados Unidos são o presidente Nicolás Maduro e as "instituições ilegítimas dirigidas por ele", além de todos os que "menosprezam o democraticamente eleito presidente interino Juan Guaidó", afirmou o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton.
As declarações de Bolton foram feitas durante a participação na Conferência Internacional pela Democracia na Venezuela, que está sendo realizada em Lima.
O assessor americano foi um dos primeiros oradores a participar do fórum, aberto com uma mesa formada por representantes de países que expressaram apoio a Guaidó, líder da Assembleia Nacional Venezuelana e autoproclamado presidente interino do país.
Bolton explicou aos presentes o alcance da decisão unilateral do presidente dos EUA, Donald Trump, um passo tomado com a intenção de "negar a Maduro o acesso ao sistema financeiro global e isolá-lo ainda mais internacionalmente".
"Além disso, estamos enviando um sinal a outras partes que queiram fazer negócios com o regime de Maduro. Procedam com extrema precaução. Não há necessidade de arriscar seus interesses econômicos com os EUA por tentarem se beneficiar de um regime corrupto e moribundo", comentou o americano.
De acordo com Bolton, a ordem executiva autoriza "sanções a qualquer indivíduo estrangeiro que forneça apoio, bens ou serviços a qualquer um" incluído nas listas elaboradas por Washington, que incluem o governo da Venezuela.
"Quero deixar claro que esta ampla ordem executiva autoriza o governo dos EUA a identificar, apontar e impor sanções a qualquer indivíduo que continue dando apoio ao regime ilegítimo de Nicolás Maduro", acrescentou.
Bolton mandou uma mensagem direta para Rússia e China, que não enviaram nenhum representante a Lima, para indicar que o apoio desses países a Maduro "é intolerável, particularmente para o regime democrático que o substituirá".
"Dizemos à Rússia e especialmente àqueles que controlam suas finanças: não aumentem as ações em uma aposta ruim. E à China, que já está desesperada para readquirir suas perdas financeiras, avisamos que a rota mais fácil para pagar a dívida é apoiar o novo governo legítimo", disse.
Além disso, Bolton declarou que esta é a primeira vez em 30 anos que uma medida similar a esta é aplicada na América, passo que comparou com os embargos impostos ao regime de Manuel Noriega no Panamá (1988), de Ortega na Nicarágua (1985) e ao "congelamento integral de bens e ao embargo comercial de Cuba" imposto em 1962.
"Os EUA usaram ferramentas similares ou, inclusive, mais agressivas no Irã, na Coreia do Norte e na Síria. Agora, a Venezuela é parte deste muito exclusivo clube de Estados canalhas", afirmou.
No entanto, Bolton afirmou que a medida, anunciada na noite de segunda-feira por Washington, inclui "cuidadosas medidas" para garantir o acesso do povo venezuelano a bens humanitários e para cobrir suas necessidades básicas.
"Atuamos para proteger o presidente interino Guaidó, a Assembleia Nacional e seus aliados emitindo 21 licenças gerais para algumas atividades, como fornecer bens humanitários, correio, telecomunicações, acesso à internet e atividades desenvolvidas por organizações internacionais ou não governamentais", argumentou.