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Internacional|Mais antiga do mundo, impressão digital humana de 43.000 anos é achada na Espanha

Mais antiga do mundo, impressão digital humana de 43.000 anos é achada na Espanha

Marca pertence a um neandertal e sugere que nossos parentes extintos podiam ter capacidade de criar arte

Internacional|Do R7


Pesquisadores descobriram uma impressão digital humana datada de 43.000 anos atrás, a mais antiga já identificada na história. A marca foi encontrada em uma pedra, dentro do abrigo rochoso de San Lázaro, nos arredores de Segóvia, na Espanha.

O recorde de idade já é curioso por si só. Mas as revelações não param por aí. Os cientistas dizem que a impressão digital pertence a um neandertal, o parente extinto mais próximo dos humanos modernos.


Segundo a pesquisa, a impressão digital foi encontrada dentro de um ponto vermelho, feito com pigmento de ocre, que foi aplicado intencionalmente na pedra pelo neandertal com um dos dedos – como se ele tivesse pintado a rocha.

A pedra, um seixo de granito de cerca de 15 centímetros, também é peculiar. Ela lembra um rosto humano, com marcas semelhantes a sobrancelhas e um “nariz” pintado.


Todo esse cenário, na visão dos cientistas, sugere que os neandertais tinham capacidade de abstração, ou seja, podiam criar e usar símbolos para representar ideias – como transformar uma pedra comum em algo com significado.

“O fato de o seixo ter sido selecionado por sua aparência e marcado com ocre demonstra uma mente capaz de simbolizar e projetar pensamentos em um objeto”, afirmam os autores do estudo, liderado por pesquisadores do CSIC (Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha).


Descoberta excepcional


A pedra foi encontrada em um sítio arqueológico que foi densamente ocupado por neandertais entre 44.000 e 41.000 anos atrás. A descoberta ocorreu em 2022, mas detalhes sobre ela só foram publicados no último dia 5, na revista Archaeological and Anthropological Sciences.

O achado é visto como excepcional não só por se tratar do objeto portátil mais antigo pintado na Europa, mas também por conter a impressão digital mais completa já identificada em um contexto neandertal.


“É a primeira vez que encontramos uma pedra com um ponto ocre vermelho em um sítio arqueológico neandertal, o que indica que foi trazida intencionalmente para o abrigo”, disse a coautora do estudo, María de Andrés-Herrero, da Universidade Complutense de Madri.

A pedra, que se assemelha a uma batata grande, teria sido coletada em um rio próximo devido à sua forma peculiar, com fissuras que lembram traços faciais. O pigmento de ocre, que não ocorre naturalmente no abrigo, reforça a ideia de que o objeto foi transportado e marcado deliberadamente.

Embora evidências como gravuras em cavernas francesas de até 75.000 anos sugiram algum grau de expressão artística, as obras neandertais são menos complexas que as pinturas rupestres dos primeiros humanos modernos, como as encontradas na Caverna Chauvet, na França, ou em Sulawesi, na Indonésia.

“Esta descoberta é uma contribuição importante, pois representa o primeiro objeto marcado por pigmento em um contexto neandertal, sugerindo fins artísticos”, disse Andrés-Herrero.

No entanto, nem todos os especialistas concordam que o ponto vermelho tenha caráter simbólico. O antropólogo Bruce Hardy, do Kenyon College, em Ohio, nos Estados Unidos, que não participou do estudo, reconhece a intencionalidade do pigmento, mas questiona a interpretação de um rosto. “O simbolismo está nos olhos de quem vê”, disse ao Live Science.

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