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Manifestantes acusam a polícia de Londres de atentar contra a liberdade de expressão

Agentes prenderam organizadores de grupos antimonarquistas e outras pessoas que protestavam contra a coroação do rei Charles

Internacional|Do R7

Policiais retiram manifestantes perto de onde ocorria a 'Procissão do Rei'
Policiais retiram manifestantes perto de onde ocorria a 'Procissão do Rei'

Manifestantes e autoridades de direitos humanos acusaram a Scotland Yard, sede central da Polícia Metropolitana de Londres, de atentar contra a liberdade de expressão e o direito de protestar depois que a polícia usou seu poder para prender Graham Smith, líder do Republic, principal grupo antimonarquista do Reino Unido, e outros organizadores. As prisões ocorreram durante uma manifestação poucas horas antes da coroação do rei Charles 3º, neste sábado (6), na capital britânica. As informações são do jornal The Guardian.

Smith conta que estava distribuindo bebidas e cartazes para os manifestantes na Trafalgar Square, principal local do protesto, duas horas antes da chegada do rei à Abadia de Westminster, quando foi abordado e revistado pela polícia, juntamente com outras cinco pessoas. Em vídeo que circula na internet, uma delas é vista discutindo com um agente, que retruca: "Não vou entrar em conversa sobre isso, eles estão presos, ponto final".

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O diretor do Republic, Harry Stratton, que chegou quando Smith e os outros organizadores do protestos foram detidos, denunciou abusos por parte da polícia: "Eles estavam recolhendo os cartazes [...] quando a polícia os deteve. Os caras perguntaram por que e eles disseram: 'Nós diremos a você assim que revistarmos o veículo'. Foi quando prenderam os seis organizadores".

O ativista de direitos humanos Peter Tatchell afirmou que os agentes apreenderam cartazes e megafones dos manifestantes e construíram um muro em frente à manifestação para que Charles não visse o protesto durante seu percurso de volta ao Palácio de Buckingham.


Em paralelo aos antimonarquistas, também foram presos ativistas da causa animal, que realizavam protestos bem distantes da cerimônia. Nathan McGovern, porta-voz do grupo Animal Rising, denunciou que "vários" de seus apoiadores foram detidos na manhã deste sábado durante uma sessão de treinamento "a quilômetros de distância da coroação". "Isso é nada menos que uma repressão totalitária à liberdade de expressão e a todas as formas de dissidência", lamentou.

Mais de 50 prisões

A polícia metropolitana informou, mais tarde, que um total de 52 prisões foi efetuado, por tumulto, ofensas à ordem pública, violação de paz e conspiração para causar perturbação em torno da coroação. A comandante Karen Findlay, que liderava a Operação Orbe de Ouro — ação de segurança reforçada para proteger a coroação —, justificou a ação dos policiais e alegou que a força agiu com base no entendimento de que era um evento ocorrido "uma vez em uma geração".


"Nosso dever é fazer [o nosso trabalho] de maneira proporcional, de acordo com a legislação pertinente. Também temos o dever de intervir quando o protesto se torna criminoso e pode causar sérias perturbações. Isso depende do contexto. A coroação é um evento único em uma geração, e essa é uma consideração importante, em nossa avaliação", afirmou Karen.

A diretora da Human Rights Watch no Reino Unido, Yasmine Ahmed, repudiou as prisões e ressaltou que "os relatos de pessoas sendo presas por protestar pacificamente [contra] a coroação são incrivelmente alarmantes". "Isso é algo que você esperaria ver em Moscou, não em Londres", acrescentou.

O diretor-executivo da Anistia Internacional do Reino Unido, Sacha Deshmukh, também se manifestou. Ele disse que é preciso apurar "quais detalhes surgem em torno desses incidentes, mas apenas estar de posse de um megafone ou carregar cartazes nunca deve ser motivo para uma prisão policial".

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