Resumindo a Notícia
- Manifestantes jogaram objetos de vidro em direção às forças de segurança
- Distrito de Haizhu registra a maioria dos casos de Covid-19 na cidade de Guangzhou
- Grande parte da área está sob confinamento desde o fim de outubro
- Vídeos mostram longas filas de moradores que tentam sair do distrito vizinho de Tianhe
Manifestantes rompem barreiras de confinamento em protestos na China
Reuters - 30.11.2022Manifestantes enfrentaram a polícia na cidade de Guangzhou, no sul da China, entre a noite de terça-feira (29) e a manhã desta quarta-feira (30), de acordo com testemunhas e vídeos divulgados nas redes sociais, em um momento de grandes protestos em todo o país contra as restrições provocadas pela pandemia de Covid.
As imagens geolocalizadas pela AFP mostram agentes das forças de segurança com trajes de proteção e escudos avançando em uma rua do distrito de Haizhu, enquanto objetos de vidro eram jogados em sua direção.
Também é possível ouvir os gritos dos manifestantes e observar barricadas com objetos de cor azul e laranja.
O vídeo também mostra o momento da detenção de mais de dez homens, que são levados algemados.
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Um morador de Guangzhou, de sobrenome Chen, afirmou à AFP que viu quase cem policiais no vilarejo de Houjiao, no distrito de Haizhu, onde pelo menos três homens foram detidos na terça-feira à noite.
O vasto aparato chinês de segurança foi mobilizado rapidamente para conter os protestos contra as rígidas normas anti-Covid. A onda de manifestações foi motivada pelo incêndio, na semana passada, em um prédio que estava em confinamento em Urumqi, na região de Xinjiang (noroeste do país).
O incêndio provocou dez mortes e gerou uma onda de indignação contra o confinamento no país devido à pandemia.
Haizhu, um distrito com mais de 1,8 milhão de moradores, registra a maioria dos casos de Covid-19 em Guangzhou. Grande parte da área está sob confinamento desde o fim de outubro.
No início de novembro, manifestantes em Haizhu romperam as barreiras de confinamento e protestaram nas ruas, em uma rara demonstração da irritação dos chineses contra as restrições sanitárias.
Vídeos deste protesto, que circularam em 14 de novembro nas redes sociais — e foram verificados pela AFP —, mostram centenas de pessoas nas ruas de Haizhu.
Algumas pessoas derrubaram as barreiras instaladas para impedir que os moradores em confinamento saíssem de casa.
Vídeos publicados na terça-feira à noite no Weibo, rede social similar ao Twitter na China, mostram longas filas de moradores que tentam sair do distrito vizinho de Tianhe.
Uma estudante recebeu a ordem para deixar seu dormitório na universidade e escreveu no Weibo: "Eu pensava que esta seria a época mais feliz da minha vida... Agora recebo uma notificação de emergência à 1h e acabo tremendo e chorando no corredor às 2h, e vejo meus colegas fugindo com malas às 3h. Às 4h, eu sento sozinha em cima da minha mala e choro, esperando a chegada dos meus pais".
"Às 5h finalmente entro no carro e escapo deste lugar que devora pessoas. Eu costumava dizer que este lugar era gentil... agora é como o inferno", completou a aluna, que utiliza o pseudônimo Ludao Lizi em uma conta verificada do Weibo.
Zhang Yi, porta-voz da Comissão Nacional de Saúde em Guangzhou, afirmou na terça-feira que "a epidemia no distrito de Tiahne avança rapidamente, e o risco de transmissão social continua aumentando".