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Manifestantes invadem escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka após fuga do presidente

População desafiou gás lacrimogêneo, canhões de água e a declaração de estado de emergência para exigir que Ranil Wickremesinghe renuncie

Internacional|Do R7

Manifestantes comemoram após entrar no prédio do escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka
Manifestantes comemoram após entrar no prédio do escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka

Nesta quarta-feira (13), manifestantes antigovernamentais do Sri Lanka desafiaram gás lacrimogêneo, canhões de água e a declaração de estado de emergência e invadiram o gabinete do primeiro-ministro, horas depois que o presidente Gotabaya Rajapaksa fugiu do país para as vizinhas Maldivas. 

Os manifestantes exigem que o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe renuncie ao mesmo tempo que Rajapaksa, que prometeu fazê-lo nesta quarta-feira, encurralado pela pior crise econômica e política da história Sri Lanka. 

Um grupo de mulheres e homens rompeu a barreira imposta pelos militares e entrou no gabinete do primeiro-ministro com bandeiras nacionais, disseram testemunhas à AFP, apesar de a polícia e o exército terem tentado detê-los com bombas de gás lacrimogêneo e balas.

Manifestantes antigovernamentais também invadiram a sede do principal canal de televisão pública do Sri Lanka e apareceram brevemente em transmissões aéreas, segundo imagens da rede.


No último sábado (9), uma multidão invadiu o palácio presidencial, precipitando a fuga do presidente Rajapaksa.

O primeiro-ministro Wickremesinghe, nomeado presidente interino conforme anunciado pelo Parlamento, pediu ao exército e à polícia "que façam o que for necessário para restaurar a ordem", em um comunicado televisionado.


Os manifestantes "querem me impedir de cumprir minhas responsabilidades como presidente interino. Não podemos permitir que os fascistas assumam o controle", disse ele.

Mais cedo, um porta-voz de seu gabinete disse à AFP que um estado de emergência estava sendo declarado para lidar com a situação no país.


Por seu lado, a polícia anunciou um toque de recolher por tempo indeterminado na província ocidental, onde fica Colombo, para conter os protestos.

A Constituição prevê, em caso de renúncia do presidente, que o primeiro-ministro assuma esse cargo interinamente até à eleição pelo Parlamento de um deputado que exercerá o poder até ao final do mandato em curso, ou seja, novembro de 2024 .

Celebrações

Rajapaksa, de 73 anos, partiu com sua esposa e um guarda-costas a bordo de um avião Antonov-32 que decolou do aeroporto internacional de Colombo, disseram autoridades de imigração.

"Seus passaportes foram carimbados e eles embarcaram no voo especial da Força Aérea", disse um funcionário à AFP.

Uma fonte do aeroporto de Malé, capital das Maldivas, confirmou à AFP a chegada do presidente, que foi transferido para um local não revelado após chegar ao arquipélago situado a sudeste do Sri Lanka, no Oceano Índico.

O avião ficou mais de uma hora na pista sem poder decolar depois de uma confusão sobre a permissão para pousar nas Maldivas, segundo autoridades do aeroporto.

"Houve momentos de tensão, mas no final tudo acabou bem", disse um funcionário do aeroporto que não quis revelar sua identidade.

Manifestantes comemoram após entrar no escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka
Manifestantes comemoram após entrar no escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka

Ao mesmo tempo, a multidão continuou a lotar o palácio presidencial em uma atmosfera festiva. "As pessoas estão muito felizes, porque roubaram nosso país", disse Kingsley Samarakoon, um funcionário público aposentado de 74 anos. "Eles roubaram muito dinheiro, bilhões e bilhões", acrescentou.

Mas esse homem não tem muita esperança na capacidade do Sri Lanka de sair rapidamente da crise. "Como eles vão administrar o país sem dinheiro? É um problema", disse ele.

Sala VIP

A saída do presidente foi complicada. Na terça-feira, ele foi humilhado por agentes de imigração no aeroporto de Colombo.

Funcionários da imigração negaram-lhe acesso à sala VIP para carimbar seu passaporte. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo de uma reação adversa do povo.

Como não renunciou, Rajapaksa ainda goza de imunidade presidencial. O presidente e sua esposa passaram a noite anterior à viagem em uma base militar próxima ao aeroporto internacional depois de perderem quatro voos para os Emirados Árabes Unidos.

Seu irmão Basil, que renunciou ao cargo de ministro das Finanças em abril, também não conseguiu embarcar em um avião para Dubai.

Em seu voo, o presidente do Sri Lanka deixou para trás uma pasta cheia de documentos e 17,85 milhões de rúpias (R$ 268 mil), que agora estão sob custódia das autoridades.

Rajapaksa é acusado de administrar mal a economia, levando o país ao caos e a uma profunda crise devido à falta de divisas, o que impossibilita o financiamento de importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.

Manifestantes comemoram após entrar no prédio do escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka
Manifestantes comemoram após entrar no prédio do escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka

O Sri Lanka declarou moratória da dívida de 51 bilhões de dólares (R$ 277 bilhões) em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um empréstimo.

Além disso, o país quase esgotou suas reservas de combustível e o governo ordenou o fechamento de administrações e escolas não essenciais para reduzir o deslocamento.

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