Manifestantes protestam contra suspensão do Parlamento britânico
Segundo especialista, a medida ajuda o premiê Boris Johnson a negociar acordo de saída com a União Europeia sem interferência parlamentar
Internacional|Carolina Vilela* e Fábio Fleury, do R7
Dezenas de manifestantes se juntaram na frente do Parlamento do Reino Unido nesta quarta-feira (28), em Londres, após o anúncio de que a rainha Elizabeth II havia atendido o pedido do primeiro-ministro Boris Johnson de prorrogar o recesso parlamentar por quase um mês.
Com cartazes pedindo a "defesa da democracia", eles se mostraram contrários ao pedido de Johnson, que impedirá o Parlamento de tomar qualquer decisão que possa levar ao adiamento do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
A medida tomada por Johnson, que prolonga o recesso parlamentar até dia 14 de setembro, impediria que a oposição interfira na negociação de um novo acordo do Brexit com a União Europeia.
Recesso parlamentar
O Parlamento já passa por um recesso por conta do verão europeu e voltaria às atividades no dia 3 de setembro. Com a suspensão até dia 14, os deputados teriam apenas três dias de atividade parlamentar antes da reunião geral da UE no dia 17, a última antes prazo final para a saída, no dia 31 de outubro.
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"É a fase em que os parlamentares irão preparar o projeto do Brexit. Segundo Boris, a legislatura já esgotou o que tinha pra falar", afirma o coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Europeus da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Demétrius Cesário Pereira, em entrevista ao R7.
O prazo adicional que Johnson obteve para fechar um acordo sem o Parlamento explicaria a medida, segundo ele. A aprovação da rainha para a suspensão, concedida nesta quarta, seria apenas uma formalidade.
"Segundo a oposição, o que muda é que eles teriam mais tempo para discutir o acordo, mas agora terão menos e isso seria anti-democrático. Pela lógica dele (Boris), o Parlamento só poderá discutir o acordo depois que estiver negociado (com a UE). Não prejudica a discussão", afirma.
A oposição, liderada pelo Partido Trabalhista, ainda teria opções, segundo Pereira. "Eles poderiam votar uma medida impedindo um Brexit sem acordo e o Boris seria obrigado a reverter", diz.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Cristina Charão