Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, em evento oficial
Marton Monus/Reuters - 15.12.2022O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, denunciou na última segunda-feira (16) a publicação de anúncios do grupo paramilitar russo Wagner para recrutar cidadãos sérvios para a guerra na Ucrânia.
"Por que fazem isso na Sérvia?", preguntou o chefe de Estado do país balcânico durante entrevista televisionada, citado pela agência local Beta.
"Por que [...] fazem chamados quando isso vai contra as regras?", acrescentou.
No início do mês, o braço em idioma sérvio do RT, um veículo de informação pró-Kremlin, publicou anúncios para tentar recrutar sérvios no grupo de mercenários Wagner.
O grupo paramilitar foi criado em 2014 por um empresário próximo do Kremlin e desempenha um papel chave na Ucrânia desde a invasão russa em 24 de fevereiro.
Alguns combatentes sérvios se uniram às forças pró-Rússia na Ucrânia desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014. No entanto, o número exato de sérvios em solo ucraniano nunca foi revelado pelas autoridades.
A Sérvia não costuma criticar a Rússia, um país aliado. Os dois Estados, de maioria eslava e ortodoxa, mantêm há séculos fortes laços culturais e históricos. Os dois países também compartilham litígios – presentes e passados – com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliada da Ucrânia.
Em março de 1999, a organização bombardeou a então República Federativa da Iugoslávia – formada pela Sérvia atual e Montenegro – durante a guerra do Kosovo, uma ex-província sérvia de maioria albanesa.
Os ataques provocaram a retirada dos sérvios desse território, que passou a ser administrado pela ONU. Depois, Kosovo declarou unilateralmente independência da Sérvia em 2008.
Ao lado de Belarus, a Sérvia também é o único país europeu que rejeitou aderir às sanções ocidentais contra Moscou, mas condenou a invasão russa da Ucrânia.
A agência de notícias russa RIA Novosti publicou imagens nesta terça-feira (17) que supostamente mostram dois cidadãos sérvios participando de treinamentos na Ucrânia.
A presença do grupo Wagner também foi documentada na Síria, na Líbia e em países como República Centro-Africana e Mali, onde os mercenários foram acusados de cometer abusos contra a população civil.
Desde o início da guerra, dezenas de milhares de russos chegaram à Sérvia, um dos poucos países que não fecharam o espaço aéreo para a Rússia.