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Mianmar tem novos protestos após fim de semana sangrento

Bloqueio da internet, a interdição de ruas e ameaças dos militares de que haverá mais mortes não frearam os cidadãos 

Internacional|Da EFE

Milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar contra golpe em Mianmar
Milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar contra golpe em Mianmar Milhares de pessoas voltaram às ruas para protestar contra golpe em Mianmar

Milhares de pessoas saíram às ruas de Mianmar nesta segunda-feira (22) para o maior dia de protestos contra a junta militar desde o golpe de Estado, após um fim de semana trágico no qual duas pessoas morreram baleadas pela polícia.

O bloqueio da internet, a interdição de ruas e as ameaças dos militares de que haverá mais mortes não frearam os cidadãos, que saíram em massa para protestar desde o início da manhã em uma nova convocação de greve que paralisou o país.

Os grandes protestos lotaram as principais ruas de Rangum (cidade mais populosa), Naypyidaw (capital) e Mandalay, cenário da sangrenta repressão do fim de semana, além de muitos outros lugares pelo país.

Os manifestantes exigem a restauração da democracia e a libertação dos presos políticos, que já ultrapassam os 600, incluindo a governante eleita Aung San Suu Kyi, como fazem diariamente há mais de duas semanas em resposta à tomada do poder pelos militares de 1º de fevereiro.

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Embora os protestos tenham sido geralmente realizados pacificamente, hoje a capital viu os maiores distúrbios, de acordo com vídeos divulgados por ativistas nas redes sociais, que mostravam a perseguição policial dos manifestantes, enquanto um número não confirmado de detenções era feito.

Apesar do protesto pacífico, fim de semana foi marcado por violência
Apesar do protesto pacífico, fim de semana foi marcado por violência Apesar do protesto pacífico, fim de semana foi marcado por violência

'Até não conseguirmos andar'

"Não quero saber das suas leis e regras, elas não são o nosso governo, por isso não temos de obedecê-las. Seja o toque de recolher ou o que for. Sairemos todos os dias às ruas até não conseguirmos andar", disse um estudante de 18 anos de idade à Agência Efe durante o protesto em Rangum.

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Diante dos protestos nesta segunda-feira, a junta militar voltou a deixar o país sem internet por mais uma noite e restringiu a utilização de dados durante a manhã, além de ter interditado várias ruas de Rangum e Naypyidaw.

"Na verdade, os meus amigos e eu costumávamos sair para protestar pela manhã. Mas, ontem à noite, ouvimos muitas notícias diferentes sobre a possível repressão enquanto a internet estava cortada. Por isso, decidimos sair quando fosse restaurada. Se quiserem fazer alguma coisa conosco, diremos ao vivo e ao mundo o que estão fazendo", disse uma empresária de 27 anos durante os protestos em Rangum.

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Três pessoas morreram no país desde que os protestos começaram
Três pessoas morreram no país desde que os protestos começaram Três pessoas morreram no país desde que os protestos começaram

Revolução 2222

O movimento foi chamado de "a revolução 22222", uma vez que ocorre no dia 22 de fevereiro de 2021, uma referência aos protestos contra a junta militar em 8 de agosto de 1988, conhecida como a revolução 8888, que foi violentamente reprimida pelas forças de segurança.

A manifestação de hoje, que paralisou quase todo o país, surgiu na sequência de uma repressão policial no sábado que matou dois manifestantes em Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, por tiros da polícia.

Essas duas mortes durante elevaram para três o número de pessoas mortas na resposta violenta das forças de segurança, depois de Mya Thwe Thwe Khine, uma mulher de 20 anos que levou um tiro na cabeça pela polícia durante um protesto e cujo funeral foi realizado em Naypyidaw no domingo, ter morrido após dez dias no hospital, na sexta-feira.

Em resposta às mortes, a junta militar acusou os manifestantes de "aumentarem o seu incitamento à revolta e à multidão anárquica", e advertiu que mais vidas poderiam ser perdidas.

"Os manifestantes estão agora incitando as pessoas, especialmente adolescentes e jovens emotivos, a um caminho de confronto no qual irão sofrer perdas de vidas", dizia a mensagem transmitida no domingo pela televisão pública MRTV.

Comunidade internacional repudia o golpe em Mianmar
Comunidade internacional repudia o golpe em Mianmar Comunidade internacional repudia o golpe em Mianmar

Resposta internacional

Tom Andrews, relator especial da ONU, manifestou preocupação com a mensagem "ameaçadora" e avisou a junta militar pelo Twitter que, ao contrário do que aconteceu durante os sangrentos protestos de 1988, as forças de segurança estão tendo as ações registradas e terão de assumir sua responsabilidade.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao Exército birmanês que "acabe imediatamente com a repressão" e liberte os detidos após quase três semanas de protestos contra o golpe de Estado.

O Conselho da União Europeia condenou na segunda-feira o golpe militar "nos termos mais fortes" e sublinhou que "a UE apoia o povo birmanês" a continuar os protestos.

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