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Milicianos? Mercenários? Entenda o que são grupos paramilitares e como eles atuam

Combatentes não fazem parte do exército regular de um país, mas são muito bem treinados e operam em missões de alto risco

Internacional|Sofia Pilagallo, do R7

Membros do grupo Wagner são flagrados em veículo militar em Rostov-on-Don, no sábado (24)
Membros do grupo Wagner são flagrados em veículo militar em Rostov-on-Don, no sábado (24)

No último sábado (24), o grupo paramilitar Wagner tentou fazer uma rebelião contra o Exército russo e recuou horas depois, após um acordo entre as duas partes intermediado pelo presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, para evitar derramamento de sangue russo. Os paramilitares, também chamados de milicianos e mercenários, chegaram a avançar 800 quilômetros rumo a Moscou, onde fica a sede do Kremlin.

Segundo especialistas ouvidos pelo R7, grupos paramilitares nada mais são do que empresas de segurança internacional. Por isso, são chamados também de empresas militares privadas.

O internacionalista Rodrigo Reis, fundador do Instituto Global Attitude, explica que combatentes paramilitares não fazem parte do exército regular de um país: "Trata-se de tropas privadas, que operam mediante pagamento e em missões que são delimitadas, como uma contratação."

O professor de Relações Internacionais James Onnig, da Faculdades de Campinas (Facamp), complementa a fala de Reis, e reforça o caratér de grupos paramilitares: "São compostos por ex-soldados muito bem treinados que recebem salários 'gordos' para atuar em missões de alto risco."


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O também professor de Relações Internacionais Gunther Rudzit, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), acrescenta que muitos governos utilizam esses grupos para não terem seus exércitos regulares acusados de crimes de guerra. Um grupo paramilitar também pode ser definido como um grupo miliciano, uma vez que se trata de um poder paralelo.

"Com a atuação de soldados paramilitares, os governos não correm o risco de ter um soldado preso em alguma missão não declarada em outro país, por exemplo. É possível também garantir interesses em outros países sem se envolver diretamente. Mas esses grupos não são legalizados", afirma.


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O grupo Wagner foi fundado por volta de 2014, durante a guerra civil no leste da Ucrânia, para defender os interesses russos. Depois disso, a presença da organização foi registrada em vários outros países, principalmente na Síria e no Sudão, dois fortes aliados da Rússia que estão em guerra. O grupo, assim como outras organizações paramilitares, tem caráter patriótico. Todos os combatentes do Wagner são nacionalistas russos e defensores da imagem da grandeza da Rússia diante do resto do mundo.

Nos últimos tempos, o grupo vinha atuando na Ucrânia, especialmente na região da Crimeia, com o objetivo de defender os interesses da Rússia no conflito. Apesar disso, ressalta o professor da Facamp, os combatentes não são funcionários de Putin e, normalmente, trabalham para os países que oferecem maiores salários e melhores condições de trabalho, "por isso são chamados também de mercenários".

O internacionalista do Instituto Global Attitude, acrescenta que a rebelião do grupo Wagner veio como "uma maneira de pressionar o governo russo por mais reconhecimento, espaço e visiblidade".

Outros grupos paramilitares

Assim como o Wagner, existem outros grupos paramilitares na Rússia. Observadores internacionais apontam para a existência de 300 milícias no país, ainda que não tão influentes. Já nos Estados Unidos, há cerca de 165 grupos paramilitares.

Entre eles, estão a antiga Blackwater (atual Academi) e outros, como Oath Keepers (Mantenedores do Juramento, em tradução livre), Three percenters (Os três porcento) e Posse Comitatus (Força do Condado, em tradução livre, também o nome de uma lei americana que permite a um agente da lei recrutar um civil para ajudá-lo a manter a ordem). Patriotas, os combatentes desses grupos têm a missão de evitar uma guerra contra o governo e proteger as liberdades civis do povo americano.

No Brasil, o grupo de extrema-direita "Os 300 do Brasil", liderado pela ativista Sara Winter, foi classificado como uma milícia armada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o que é ilegal, de acordo com o artigo 218-A do Código Penal. Sara já chegou a admitir a presença de armas dentro de acampamentos onde os membros se concentram e alega ter sido treinada por grupo ucraniano.

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