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Militares dão golpe de Estado no Gabão após reeleição do presidente que está há 14 anos no poder 

A mesma família governa o país na África central há mais de 55 anos; Ali Bongo venceu as eleições com 64,27% dos votos

Internacional|Do R7

Militares dão golpe de estado no Gabão após eleições presidenciais
Militares dão golpe de estado no Gabão após eleições presidenciais

Um grupo de militares anunciou nesta quarta-feira (30) o "fim do atual regime" no Gabão, onde os resultados oficiais das eleições presidenciais de sábado deram uma nova vitória ao presidente Ali Bongo, que está no poder há 14 anos.

Até o momento não foi possível descobrir onde está Ali Bongo Ondimba, cuja família governa o país da África central rico em petróleo há mais de 55 anos. O bairro de sua residência em Libreville estava muito tranquilo durante a manhã, segundo testemunhas.

Depois que o Centro Gabonense de Eleições (CGE) anunciou oficialmente a vitória de Bongo com 64,27% dos votos, 12 militares divulgaram um comunicado no canal 'Gabon 24', cuja sede fica na própria presidência.

Os militares anunciaram a anulação das eleições de sábado (26) e a dissolução de "todas as instituições" do país do centro-oeste da África.


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Eles afirmaram que uma "deterioração contínua da coesão social ameaça levar o país ao caos" e acrescentaram que decidiram "defender a paz impondo o fim do atual regime".

"Estão anuladas as eleições de 26 de agosto e os resultados manipulados", anunciou um dos militares, que falou em nome do grupo.


Fronteiras fechadas

"Todas as instituições da República foram dissolvidas: o governo, o Senado, a Assembleia Nacional e o Tribunal Constitucional", afirma o comunicado.

Os militares, que alegaram falar em nome de um "Comitê para a Transição e Restauração das Instituições", anunciaram ainda que as fronteiras do país permanecerão "fechadas até nova ordem".


Eles pediram à população que "mantenha a calma e a serenidade".

"Reafirmamos nosso compromisso de respeitar os compromissos do Gabão com a comunidade internacional".

Entre os militares que fizeram o anúncio estavam membros da Guarda Republicana (GR), a guarda pretoriana da presidência, cujos integrantes são reconhecidos por suas boinas verdes, além de soldados do exército oficial e membros da polícia.

Correspondentes da AFP ouviram tiros na capital Libreville durante a leitura do comunicado. No início da manhã, as ruas de Libreville estavam desertas.

Em sua mensagem, os militares denunciaram "um governo irresponsável e imprevisível".

A França, ex-potência colonial, afirmou que acompanha a situação no Gabão "com grande atenção".

A China anunciou que "acompanha de perto a evolução da situação" e pediu garantias à segurança de Bongo.

Sem observadores

A ação dos militares aconteceu poucas horas do anúncio da reeleição do presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, que segundo a autoridade eleitoral recebeu 64,27% dos votos no pleito de sábado.

Ali Bongo concorreu por um terceiro mandato, reduzido de sete para cinco anos, nas eleições de sábado, que incluíram votações para a presidência, legislativas e municipais.

Os resultados divulgados pelo CGE indicam que o principal rival de Bongo, Albert Ondo Ossa, mostram 30,77% dos votos.

Ondo Ossa denunciou "fraudes orquestradas pelo grupo Bongo" duas horas antes do fim do horário de votação e reivindicou a vitória.

A eleição aconteceu sem a presença de observadores internacionais

O candidato opositor, 69 anos, foi o nome escolhido oito dias antes das eleições pela principal plataforma de partidos de oposição, 'Alternance 2023', após uma dura batalha entre seis aspirantes. Desta maneira, o professor de Economia da Universidade de Libreville e ex-ministro de Omar Bongo teve apenas seis dias para fazer campanha.

Os resultados oficiais da votação foram divulgados durante a madrugada pela televisão estatal, sem qualquer aviso prévio.

O anúncio aconteceu durante toque de recolher e com o serviço de internet cortado em todo o país, medidas impostas pelo governo antes do fim da votação de sábado para evitar, segundo as autoridades, a divulgação de "notícias falsas" e possíveis "atos de violência".

O acesso à internet foi restabelecido após o anúncio dos militares.

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