Morre aos 101 anos último membro da resistência francesa na 2ª GM
Hubert Germain lutou na Ordem dos Companheiros da Libertação ao lado de 1.038 pessoas por quatro anos na década de 1940
Internacional|Do R7
Hubert Germain, o último sobrevivente da Ordem dos Companheiros da Libertação francesa durante a Segunda Guerra Mundial, morreu aos 101 anos, anunciou a ministra da Defesa, Florence Parly, nesta terça-feira (12).
"Gostaria primeiro de informá-los sobre a morte de Hubert Germain, nosso último companheiro vivo da Libertação. É um momento importante em nossa história", disse Parly ao comitê de Defesa do Senado.
Pai das FFL (Forças Francesas de Libertação), Charles De Gaulle criou a Ordem da Libertação em novembro de 1940 para "recompensar as pessoas ou comunidades militares e civis identificadas na obra de libertação da França e de seu império".
No total, 1.038 pessoas, incluindo seis mulheres, receberam este título de Companheiro da Libertação, assim como 18 unidades militares e cinco comunas francesas.
Germain será enterrado em Mont-Valérien, o principal local de execução de resistentes e reféns do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial. O ex-presidente Charles de Gaulle inaugurou ali o Memorial da França Combatente em 1960.
O presidente Emmanuel Macron presidirá uma cerimônia em homenagem a Germain em 11 de novembro no Arco do Triunfo e depois em seu enterro em Mont-Valérien, perto de Paris.
O presidente expressou "suas mais profundas condolências a todos os franceses herdeiros das batalhas que ele travou", informou o Palácio do Eliseu.
"A nação perdeu um de seus mais ilustres servidores", declarou o general Thierry Burkhard, chefe do Estado Maior do Exército francês.
"Vou para guerra"
Germain, que foi deputado e posteriormente ministro do presidente Georges Pompidou (1969-1974), completou 101 anos em 6 de agosto.
Filho de um general das tropas coloniais, tinha passado no exame de admissão na escola naval quando as tropas alemãs multiplicavam as vitórias sobre o exército francês na primavera de 1940.
"Após cinco minutos, disse a mim mesmo: 'Mas o que você faz aqui?'", contou à AFP em 2018. "Me levantei e disse ao examinador: 'vou para a guerra'".
Entre junho e julho de 1940, cerca de 7 mil franceses partiram para o Reino Unido. Entre eles, havia centenas de futuros Companheiros da Libertação, com frequência na casa dos 20 anos, revoltados com a capitulação do marechal francês Philippe Pétain.
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Hubert Germain partiu do porto de Saint-Jean-de-Luz [sudoeste], a bordo do "Andorra Star", que levava soldados poloneses para a Inglaterra. Chegou a Londres juntamente com três colegas em 24 de junho de 1940.
Alistou-se na Legião Estrangeira e lutou na Síria, na Líbia, no Egito, na Itália e na Tunísia. Participou do desembarque dirigido pela França nas praias do Mediterrâneo em agosto de 1944. "Chorei como um menino. Estava de volta ao meu país", contou em uma entrevista.
Lutou pela libertação da cidade meridional de Toulon, o vale do Ródano e Lyon, no centro da França, passando aos montes Vosges e à Alsácia no leste, terminando a guerra no sul dos Alpes.
Foi condecorado pelo general De Gaulle no fim de junho de 1944 na Itália. Um terço dos "Companheiros da Libertação" morreram em combate e 80% dos sobreviventes ficaram feridos no conflito.
Os últimos faleceram um depois do outro na última década, incluindo Daniel Cordier, que morreu aos 100 anos em 20 de novembro de 2020. Ele tinha partido para Londres aos 19 anos para se tornar dois anos depois secretário de Jean Moulin, figura lendária da Resistência, que morreu nas mãos da Gestapo.