Na Europa, mercado das drogas movimenta R$ 138 bi em um ano
Maconha responde por 39% do total e é plantada no próprio continente. Já a cocaína vem em sua maior parte da América do Sul e representa 31%
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7
No período de um ano, o mercado de drogas movimentou, na Europa, cerca de 30 bilhões de euros — aproximadamente R$ 138 bilhões —, segundo levantamento divulgado pelo Centro Europeu de Monitorização das Drogas e da Toxicodependência (EMCDDA, na sigla em inglês) nesta terça-feira (26). O estudo é publicado a cada três anos e o valor, de acordo com o observatório, remonta a 2017.
O EMCDDA aponta que a maconha responde por 39% do total; a heroína, por 25%; e a anfetamina e o MDMA, por 5%.
Já a cocaína — em sua maior parte, produzida e traficada desde a América do Sul — representa 31% da soma. São 9,1 bilhões de euros, ou R$ 42,1 bilhões por ano.
A pesquisa ressalta, porém, que “o comércio de drogas ilícitas é uma grande indústria global, abrangendo produção, tráfico e varejo".
Ainda segundo o estudo, a "natureza oculta do negócio dificulta a estimativa da quantidade de dinheiro que ele gera e as estimativas publicadas são variáveis".
A maconha como produto principal
Como maior produto do mercado de drogas na Europa, a maconha é uma importante fonte de renda para as organizações criminosas no Velho Continente. A estimativa do EMCDDA é que os negócios envolvendo a erva movimentem 11,6 bilhões de euros — ou R$ 53,8 bilhões — a cada ano.
O observatório reforça que 25 milhões de pessoas na Europa relataram ter usado maconha em 2018. A produção da droga, de acordo com o EMCDDA, se dá dentro do próprio continente — onde existem, no mínimo, 20.000 locais de cultivo.
Cocaína da América do Sul
Em relação à cocaína, o EMCDDA lembra que os arbustos tropicais usados como matéria-prima para a produção da droga são cultivados quase que exclusivamente na região andino-amazônica que engloba Bolívia, Colômbia e Peru.
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Depois de ser produzida nesses países, a substância é transportada até a Europa “por vias aéreas e marítimas, com uma variedade de métodos e rotas”.
Atualmente, a maior parte da cocaína vendida e consumida nas nações europeias é contrabandeada em navios de carga que saem de portos no Brasil, na Colômbia e no Equador.
Os portos da Venezuela, que foram bastante utilizados no passado, teriam perdido seu espaço no mercado do crime nos últimos anos.
O destino da cocaína que sai da América do Sul, quase sempre, são os portos da Antuérpia, na Bélgica, e Algeciras, na Espanha. Os levantamentos feitos pelo EMCDDA permitem concluir, contudo, que as ilhas do Caribe e da África Ocidental vêm se tornando importantes pontos de trânsito para os traficantes.
No último 4 de agosto, por exemplo, cinco brasileiros foram detidos em uma embarcação na capital de Cabo Verde, Praia, com 2,2 toneladas de cocaína. As investigações apontam que a remessa, após passar pela África, seguiria para a Europa.
Heroína e opioides
No caso da heroína e de outros opioides, 7,4 bilhões de euros — ou R$ 34 bilhões — são movimentados anualmente, pelas estimativas do EMCDDA.
O Afeganistão é um dos mais importantes produtores da droga na atualidade e a Turquia concentra as principais rotas de entrada da substância para a União Europeia.
Os turcos, aliás, dominam as operações de importação da heroína para o continente — ainda que pequenas organizações criminosas dos Bálcãs, da Grã-Bretanha, da Holanda, do Iraque e do Paquistão também tenham começado a atuar no mercado.