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Nancy Pelosi deixa Taiwan após visita polêmica criticada pela China 

Viagem da presidente da Câmara de Representantes dos EUA fez governo chinês anunciar ameaças e exercícios militares

Internacional|Do R7

Nancy Pelosi antes de embarcar em avião no aeroporto de Taipei, em Taiwan
Nancy Pelosi antes de embarcar em avião no aeroporto de Taipei, em Taiwan

A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deixou Taiwan nesta quarta-feira (3), concluindo umavisita polêmica que irritou a China, que respondeu com ameaças e anúncios de exercícios militares

Pelosi, de 82 anos, se despediu das autoridades taiwanesas no aeroporto de Teipei e embarcou no avião militar americano que decolou às 7 horas de Brasília, de acordo com as imagens exibidas ao vivo por canais de televisão.

A delegação de Pelosi seguiu para a Coreia do Sul, próxima escala em sua viagem pela Ásia. A presidente da Câmara americana desembarcou na ilha na última terça-feira (2), apesar das ameaças de Pequim, que considera Taiwan parte de seu território e denunciou a visita como uma provocação.

Pequim afirmou que a viagem terá consequências. "Isto é uma completa farsa. Os Estados Unidos violam a soberania da China sob o pretexto da chamada 'democracia'... aqueles que ofendem a China serão punidos", disse o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, à margem de uma reunião da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) em Phnom Penh.


Teipei, no entanto, mantém o tom desafiante diante do discurso de ameaças. A presidente taiwanesa Tsai Ing-wen declarou que "ante as crescentes e deliberadas ameaças militares, Taiwan não recuará (...) Vamos manter a linha de defesa da democracia".

Nancy Pelosi é a principal autoridade americana a visitar Taiwan em 25 anos. "Nossa delegação chegou a Taiwan para deixar claro, de forma inequívoca, que não abandonaremos nosso compromisso e que estamos orgulhosos da nossa amizade duradoura", declarou a presidente da Câmara durante um evento com a presidente taiwanesa.


Na terça-feira à noite, o ministério das Relações Exteriores da China convocou o embaixador americano Nicholas Burns. O vice-chanceler, Xie Feng, comunicou os "protestos veementes" de seu país e disse que "Taiwan é Taiwan da China", de acordo com a agência estatal Xinhua.

Exercícios militares

Ao mesmo tempo, o ministério chinês da Defesa prometeu "ações militares seletivas", com uma série de manobras militares ao redor da ilha que começarão na próxima quinta-feira (4), incluindo "o disparo de munições reais de longo alcance" no Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental.


Os exercícios militares representam "uma medida necessária e legítima para responder às graves provocações de alguns políticos americanos e dos independentistas taiwaneses", afirmou Hua Chunying, porta-voz da diplomacia chinesa.

Em relação à "visita de Pelosi a Taiwan, os Estados Unidos são o provocador, a China é a vítima. A provocação conjunta aconteceu primeiro, a defesa justa da China veio depois", acrescentou.

Em alguns pontos, a zona de operações chinesas ficará a menos de 20 quilômetros da costa de Taiwan, segundo as coordenadas divulgadas pelo exército do país.

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O ministério taiwanês da Defesa respondeu que os exercícios violam as águas territoriais da ilha. "Esta é uma ação irracional que desafia a ordem internacional", afirmou o porta-voz do ministério, Sun Li-fang.

O Japão expressou preocupação com as manobras da China, que para Tóquio ultrapassam a zona de exclusão econômica.

"Responsabilidade"

O ministério do Comércio da China também anunciou sanções econômicas, incluindo a suspensão da exportação de areia natural para Taiwan, um componente chave para a produção de semicondutores, uma das principais exportações da ilha. E a administração alfandegária chinesa também cancelou a importação de frutas e alguns peixes da região.

China e Taiwan estão separadas de fato desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram os nacionalistas, que se refugiaram na ilha.

Washington reconheceu em 1979 o governo de Pequim como representante da China, mas prosseguiu com o apoio militar a Taiwan.

A possibilidade de Pelosi visitar a ilha aumentou a tensão entre as superpotências na última semana. "Os Estados Unidos vão assumir a responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e a segurança da China", disse na terça-feira uma fonte da diplomacia chinesa, antes da visita de Pelosi a Taiwan.

A "reunificação" da China é uma meta prioritária para o presidente chinês, Xi Jinping, que, na semana passada, disse formalmente ao presidente americano Joe Biden por telefone que evitasse "brincar com fogo".

As Bolsas mundiais operavam em alta, em sua maioria, nesta quarta-feira, apesar de a notícia da visita de Pelosi a Taiwan ter provocado nervosismo nos mercados financeiros já tensos com a guerra da Ucrânia, o aumento da inflação, a elevação das taxas de juros e a desaceleração do crescimento econômico.

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