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'Não consigo acreditar que estou a salvo', diz professora afegã no Chile

Zainab Momeny, de 33 anos, é a primeira refugiada a chegar à América Latina após a tomada de poder do Talibã no Afeganistão

Internacional|Do R7

Zainab Momeny chegou nesta manhã (10) ao Chile após passar alguns dias no Paquistao
Zainab Momeny chegou nesta manhã (10) ao Chile após passar alguns dias no Paquistao

Após 14 anos separadas, a professora afegã Zainab Momeny e sua irmã Zahra se reencontraram nesta sexta-feira (10) no Chile, onde Zainab chegou como refugiada depois de fugir de seu país quando os talibãs tomaram o poder.

"Ela disse que está muito feliz e afirmou: 'ainda não consigo acreditar que estou a salvo aqui' [no Chile], e sente que finalmente pode dormir tranquila sem preocupação", disse Zahra Habibi, que traduziu as declarações de sua irmã em uma entrevista ao chegar ao aeroporto de Santiago.

Zainab "é a primeira pessoa afegã que acolhemos", destacou Carolina Valdivia, subsecretária chilena das Relações Exteriores, que também lhe deu as boas-vindas no aeroporto.

Esta professora de 33 anos, que vivia em Cabul, conseguiu refúgio no Chile depois que sua irmã, Zahra, que vive no país sul-americano desde 2008, pediu ajuda ao governo de Santiago.


Em um relato comovente, Zainab comentou que para deixar o Afeganistão teve que se esconder com outra família na casa de um amigo porque, sob as rigorosas normas morais dos talibãs, temia pela sua vida por ser mulher, professora universitária e divorciada. Depois, conseguiu viajar para o vizinho Paquistão.

"A situação das mulheres está muito limitada, se resume às quatro paredes da casa, não é permitido que as mulheres estudem no ensino superior, não é permitido que trabalhem, só permitem que estudem até a sexta série", explicou Zainab, segundo a tradução de sua irmã.


"É uma situação super crítica, as mulheres voltaram a viver uma situação muito mais frágil, mais do que era antes, sendo reprimidas com chicotadas, golpes. Há mulheres presas e não se sabe onde estão", acrescentou.

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Zainab conseguiu embarcar em um avião para o Paquistão, onde recebeu a ajuda de Leopoldo Sahores, embaixador argentino nesse país, que entregou a ela os salvo-condutos concedidos pelo Chile para seguir viagem. Depois, ela voou para Dubai, Paris e finalmente, Santiago.


"Tinha a esperança de encontrá-la com vida, mas algo sempre me dizia 'e o que vai acontecer se não for assim?'. Não a via há 14 anos, então acho que está mais fraca, nós duas estamos um pouco mais velhas do que éramos e ela disse: 'eu vivi na guerra, o que mais espera de mim?'", relatou Zahra Habibi.

Agora Zainab deve cumprir uma quarentena preventiva de sete dias pela pandemia de covid-19, que realizará na casa de uma amiga de sua irmã. Depois, vai explorar opções para estudar no Chile ou em outro país.

O Chile já entregou 20 salvo-condutos para receber cidadãos afegãos. Alguns se encontram no Paquistão e outros no Irã. 

O governo chileno explicou que não tem os recursos para retirar as pessoas do Afeganistão, mas pode conceder os salvo-condutos e documentos que permitam a viagem dos refugiados.

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