'Não há nada a temer', diz presidente da Guiana sobre referendo venezuelano
Irfaan Ali afirma que vai "trabalhar incansavelmente" para garantir que as fronteiras do país continuem intactas em meio a cobiça por área de 160 mil km² rica em petróleo
Internacional|Do R7
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse neste domingo (3) que o seu tem "nada a temer" em relação ao referendo convocado pela Venezuela para reforçar uma reivindicação centenária de anexação de território da região rica em petróleo de Essequibo.
“Quero garantir aos guianenses que não há nada a temer nas próximas horas, dias, meses”, garantiu o presidente em uma transmissão ao vivo em uma rede social sobre a área disputada.
“A nossa vigilância será máxima, mas vamos trabalhar incansavelmente para garantir que as nossas fronteiras continuem intactas, que a população e o nosso país permaneçam seguros”, esbravejou.
A Venezuela realiza um referendo, com o qual o governo liderado pelo ditador Nicolas Maduro procura justificar uma reivindicação centenária sobre este território de 160 mil km², que está sob o controle da Guiana.
Milhares de guianenses formaram cadeias humanas, chamadas de "círculos de união", para mostrar seu apego ao Essequibo. Muitos usavam camisetas com frases como “Essequibo pertence à Guiana” e agitavam bandeiras do país. Ali participou de uma dessas manifestações.
A Venezuela argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, como era em 1777, quando era Capitão General do Império Espanhol. Eles apelam ao Acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido.
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Tal acordo anulou uma decisão de 1899, que definia os limites que a Guiana defende e que pede a ratificação do CIJ (Tribunal Internacional de Justiça), o mais alto tribunal das Nações Unidas. “Sempre vimos a diplomacia como a nossa primeira linha de defesa e estamos numa posição muito forte nesta primeira linha de defesa”, disse Ali, citando o apoio internacional.
A Guiana pediu à CIJ a suspensão do referendo, que inclui entre as cinco perguntas feitas à população uma sobre se concordam com a criação de uma província venezuelana chamada "Guayana Esequiba" e a concessão de nacionalidade aos seus habitantes.
“Não vou interferir na política venezuelana, mas quero alertar que a eles que esta é uma oportunidade para mostrarem maturidade e uma oportunidade para mostrarem responsabilidade”, completou Ali.
A reivindicação da Venezuela intensificou-se desde que a gigante energética americana ExxonMobil descobriu petróleo em águas disputadas em 2015. Essa área possui reservas de petróleo comparáveis às do Kuwait e está no topo da lista de reservas per capita do mundo.