Naufrágio na Grécia: polícia prende nove sobreviventes suspeitos de terem organizado a viagem
Imigrantes levados, todos de origem egípcia, podem pertencer à quadrilha de contrabando responsável pela embarcação
Internacional|Larissa Crippa*, do R7
A guarda-costeira da Grécia informou que nove sobreviventes do navio de refugiados que naufragou na costa do país foram presos sob suspeita de pertencerem à rede de contrabando que organizou a viagem.
Segundo a TV estatal ERT, os suspeitos eram todos cidadãos egípcios. O capitão do barco sobrecarregado está entre os detidos.
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As prisões ocorreram após interrogatórios de autoridades da guarda-costeira no porto sul de Kalamata, onde uma centena de sobreviventes do naufrágio estava sendo cuidada. O incidente deixou pelo menos 78 pessoas mortas.
As prisões foram "resultado de dois dias de entrevistas com os sobreviventes, cruzando as informações e reduzindo as possibilidades de quem entre eles poderia fazer parte da rede de tráfico que lucrou com essa empreitada, e os lucros são enormes", disse John Psaropoulos, do portal Al Jazeera.
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O crime de tráfico humano na Grécia, se resultar em condenação, pode levar a até 20 anos de prisão. O peso das acusações "também seria afetado pelo valor das perdas e dos pagamentos envolvidos", disse Psaropoulos.
As autoridades temem que o número final de vítimas possa chegar a centenas. Uma enorme operação de busca e resgate envolvendo uma dúzia de navios e três aeronaves não encontrou sobreviventes desde sua fase inicial, na quarta-feira (14), quando 104 pessoas foram resgatadas. Não foram encontrados sobreviventes do sexo feminino.
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Os investigadores acreditam que centenas de pessoas, incluindo muitas mulheres e crianças, tenham ficado presas embaixo do convés quando o barco de pesca superlotado virou à noite em águas profundas a cerca de 75 km da costa.
A agência de migração da ONU estima que o navio transportava de 700 a 750 pessoas, incluindo pelo menos 40 crianças, com base em entrevistas com os sobreviventes. Isso poderia tornar o naufrágio um dos mais mortais registrados no Mediterrâneo central.
"Estamos testemunhando uma das maiores tragédias no Mediterrâneo, e os números anunciados pelas autoridades são devastadores", disse a Organização Internacional para as Migrações da ONU.
*Sob supervisão de Vivian Masutti
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