Grécia segue nas buscas por sobreviventes do naufrágio que matou 78 migrantes
Um dia após a tragédia, dois barcos de patrulha, um helicóptero e seis navios foram mobilizados
Internacional|Do R7
A Grécia prossegue nesta quinta-feira (15) com as buscas por sobreviventes do naufrágio de uma embarcação de migrantes no Mar Jônico, uma tragédia que matou 78 pessoas.
Em um país em estado de choque com um dos naufrágios mais graves dos últimos anos, a Suprema Corte grega ordenou a abertura de uma investigação judicial para determinar as causas da tragédia.
Um dia após a tragédia, dois barcos de patrulha, um helicóptero e seis navios foram mobilizados para as operações no mar, ao oeste da península do Peloponeso, uma das zonas mais profundas do Mediterrâneo.
A Guarda Costeira informou que recuperou 78 corpos do naufrágio, que aconteceu na quarta-feira (14) e pelo qual a Grécia declarou três dias de luto.
Na véspera, a Guarda Costeira havia anunciado o balanço de 79 corpos recuperados.
Uma fragata da Marinha grega deve atracar nesta quinta-feira com os corpos, segundo a Guarda Costeira.
"Esta pode ser a pior tragédia marítima dos últimos anos na Grécia", disse Stella Nanou, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), ao canal público ERT.
As autoridades anunciaram o resgate de 104 pessoas, mas temem que centenas continuem desaparecidas, com base nos depoimentos dos sobreviventes e no fato de que não há mulheres e crianças entre eles.
"São todos homens", disse uma fonte da Guarda Costeira a respeito dos sobreviventes.
O porta-voz do governo da Grécia, Ilias Siakantaris, afirmou na quarta-feira que, de acordo com relatos não confirmados, quase 750 pessoas estavam a bordo do barco de pesca.
Superlotado
"Não sabemos o que está por vir (...) mas sabemos que muitos traficantes prendem as pessoas para manter o controle", declarou Siakantaris ao canal estatal ERT.
Um sobrevivente disse aos médicos do hospital no porto de Kalamata que viu centenas de crianças no porão do navio.
"O pesqueiro tinha de 25 a 30 metros de comprimento. O convés estava lotado de pessoas e presumimos que o interior também estava cheio", declarou o porta-voz da Guarda Costeira, Nikolaos Alexiou, ao canal ERT.
A Frontex (Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira) detectou a presença da embarcação na terça-feira, mas os passageiros "recusaram ajuda", de acordo com um comunicado divulgado pelas autoridades portuárias gregas na quarta-feira.
Também informaram que, no momento do naufrágio, ninguém a bordo usava colete salva-vidas.
Tudo indica que o barco partiu da Líbia e tinha a Itália como destino, segundo as autoridades. Os sobreviventes são, em sua maioria, da Síria (47), Egito (43) e Paquistão (12).
Eles ainda aguardam a identificação e entrevista com as autoridades gregas, que investigam a presença de um possível contrabandista de pessoas.
"É realmente espantoso", declarou à AFP Erasmia Roumana, da agência de refugiados da ONU. Os sobreviventes estão em "péssima situação psicológica".
Uma imagem de baixa qualidade divulgada pela Guarda Costeira mostra o barco de pesca azul em péssimas condições e com pessoas aglomeradas. Alguns migrantes estavam no teto da cabine.
O motor da embarcação apresentou problemas durante a noite de terça-feira e o pesqueiro naufragou a 87 km de Pilos, no Mar Jônico, afirmou Siakantaris.
Um jovem começou a chorar. "'Preciso da minha mãe' (...) Essa voz está nos meus ouvidos e continuará para sempre", declarou Ekaterini Tsata, enfermeira da Cruz Vermelha em Kalamata.
A maior tragédia de migrantes na Grécia aconteceu em 3 de junho de 2016, quando 320 morreram ou foram declaradas desaparecidas após um naufrágio.