No 'novo normal' da Europa, bicicletas pedirão passagem
Para fugir do transporte público, cidadãos estão recorrendo a meios alternativos de locomoção e governos prometem incentivos e investimentos
Internacional|Do R7
A pandemia do novo coronavírus mudou o jeito como as pessoas se locomovem. Muitas, inclusive, nem podem se locomover e, seguindo as regras estabelecidas em muitos países, devem ficar em casa para garantir a eficácia das medidas de contenção da pandemia de covid-19.
Foi o que aconteceu na Europa, duramente castigada por surtos que mataram dezenas de muilhares no continente. Agora, com a recém-adquirida liberdade com condicionantes alcançada em alguns países, a ideia de andar de transporte público sem saber se ele foi devidamente higienizado ou ter que enfrentar horários de pico inevitavelmente lotados não é mais uma realidade para a maioria da população.
Enquanto muitos ainda precisam andar de trens, metrôs e ônibus, parte dos outros cidadãos estão buscando alternativas para conseguir se locomover pela cidade enquanto respeitam as normas de distanciamento social e não correm risco de serem infectados. Com isso, as bicicletas ganharam espaço e incentivo do governo.
Usar bicicleta é um 'dever cidadão'
No Reino Unido, o secretário de Estado dos Transportes, Grant Shapps, endossou o meio de transporte e anunciou que o país vai investir R$ 14 bilhões até 2025 para melhorar as vias para ciclistas e estradas públicas e no teste de scooters elétricos, com a intenção de incentivar uma mudança nos hábitos da população a longo prazo.
O secretário avisou que o transporte público britânico não vai operar com plena capacidade quando o país suspender de vez a quarentena e as restrições de movimento, o que vai forçar os cidadãos a encontrar outros meios de locomoção, e que as medidas de distanciamento social serão aplicadas, o que implica em menos passageiros.
Para Shapps, é um “dever cidadão” evitar usar os meios de transporte coletivos e optar por carros, bicicletas ou andar a pé.
Na quinta-feira (14), londrinos voltaram ao trabalho e relataram medo e preocupação ao usarem o transporte público, relatou a agência EFE. Mas, mesmo preocupados, eles tiveram que pegar ônibus e metrôs cheios e reclamaram da falta de ajuda e planos do governo para evitar a situação.
Ajuda para comprar bicicletas
Na Itália o apoio vai ser financeiro. Até o final de 2020, quem comprar bicicletas de até 500 euros, cerca de R$ 3,1 mil, poderá ter uma ajuda do governo para bancar até 60% do valor.
O governo espera que sejam destinados até 120 milhões de euros, ou R$ 757 milhões, para ajudar na mudança de hábito dos habitantes. A ajuda é válida para qualquer cidadão que more em uma cidade com mais de 50 mil pessoas e vale para qualquer tipo de veículo não contaminante, como patinetes clássicos ou elétricos e bicicletas convencionais e elétricas.
Em Paris, capital da França, a mudança de hábito já é sentida por donos de lojas de bicicletas e de reparos, que viram um aumento no número de clientes que querem evitar o transporte público e minimizar o risco de infecção pelo coronavírus. A cidade já tinha cerca de mil quilômetros de ciclovias e está pronta para o aumento de ciclistas.
Na Holanda, a saída de casa é uma parte nova da rotina e crianças aproveitaram a liberação do governo para sair com os pais e pedalar pelas ruas, agora vazias.
Em Budapeste, na Hungria, o governo local está implementando mais ciclovias, para estimular o uso de meio de transporte individual.