O que é o grupo Wagner e como é sua atuação na Ucrânia
Força paramilitar se mobilizou contra o governo russo e foi acusada de traição pelo presidente Vladimir Putin
Internacional|Larissa Crippa*, do R7
O grupo Wagner, uma força paramilitar conhecida por sua proximidade com a Rússia, se rebelou contra o governo de Moscou no último sábado (24).
Os soldados da organização tomaram Rostov, cidade que faz fronteira com a Ucrânia, e deixaram o Kremlin em estado de alerta, por temer uma invasão da capital.
A motivação dessa mobilização repentina seria o ataque que o governo russo teria conduzido na região do território ucraniano em que membros do grupo estão.
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ato do grupo de golpe, em uma mensagem pública à nação, e chamou os mercenários de traidores da pátria.
O grupo paramilitar foi fundado em meados de 2014 e tem entre seus membros ex-soldados, prisioneiros, civis russos e estrangeiros. Esse tipo de força está presente em diversos conflitos por motivações étnicas, religiosas, políticas ou ideológicas.
No caso do grupo Wagner, os soldados são quase “reforços” para os militares russos e atuam em resistências ou insurgências. Seus membros têm importante papel nos avanços de Moscou na Ucrânia e também na resistência ao Exército de Kiev.
Paramilitares e forças oficiais
Segundo Gunther Rudzit, professor do curso de relações internacionais da ESPM-SP, os interesses dessas organizações variam muito.
“Um grupo paramilitar é uma empresa. Por isso que também chamam esses grupos de empresas militares privadas. Normalmente, são ex-militares que fazem parte desses grupos”, afirma.
Gunther explica que os grupos paramilitares, em sua maioria, não são “legalizados”. “Eles existem porque muitos governos os utilizam para não ser acusados de crimes de guerra.”
Para Rodrigo Reis, internacionalista e fundador do Instituto Global Attitude (IGA), o conflito é uma espécie de “queda de braço” entre os paramilitares e as forças oficiais.
“O grupo Wagner fez essa manifestação como uma maneira de pressionar o governo [russo] por mais reconhecimento, mais espaço, mais visibilidade.” diz Reis. “Essa rebelião poderia ter se tornado uma guerra civil, basicamente. O conflito é por poder, eles querem legitimidade. O grupo ganhou muita reputação e importância depois das vitórias sobre a Ucrânia”, conclui.
Crise na Rússia
O líder do grupo Wagner é Yevgeny Prigozhin, que possui fortes ligações com o Kremlin. Na Rússia, a organização existe como uma força paramilitar privada, fornecendo serviços militares em nome do país.
Seus membros realizam trabalhos clandestinos para o Kremlin, enviando mercenários para conflitos no Oriente Médio e na África — e, recentemente, para a guerra na Ucrânia.
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Os motivos pelos quais a Rússia teria bombardeado as bases do grupo Wagner não estão claros. No entanto, podem incluir o desejo de restringir o poder e a influência do grupo ou a percepção de que eles estavam agindo de forma independente ou em conflito com os interesses russos na Ucrânia.
“Ao que tudo indica, com a lei do início de junho que obrigava todos os grupos paramilitares a se subordinar ao Ministério da Defesa, o confronto pessoal de Yevgeny Prigozhim e Sergei Shoigu, ministro da Defesa, foi elevado. Ou seja, pode estar acontecendo uma briga por poder dentro do governo russo, então o bombardeio seria resultado dessa briga pessoal”, explica Rudzit.
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