Milhões de cigarras periódicas devem ressurgir nos Estados Unidos nas próximas semanas. Os insetos, que pertencem à Ninhada XIV, a segunda maior já registrada, foram vistos pela última vez em 2008. Desde então, eles permaneceram sob o solo. Agora, estão voltando a aparecer em cidades e florestas do país.O aplicativo de ciência cidadã Cigarra Safari, que permite que pessoas registrem avistamentos de cigarras para contribuir com estudos científicos, já tem documentado os primeiros avistamentos da ninhada, que deve ressurgir com força em junho, no verão.De acordo com os registros, as cigarras estão emergindo em estados como Kentucky e Tennessee, no sul do país. Elas também devem aparecer no leste, de Massachusetts até a Geórgia, de acordo com a Universidade de Connecticut.As cigarras periódicas emergem em massa a cada 13 ou 17 anos, um comportamento bem diferente das cigarras anuais, que reaparecem em todo início de verão, quando o calor do solo fica maior. Esses insetos vivem boa parte da vida como larvas no subsolo, alimentando-se de fluidos das raízes de plantas. Depois desse período, elas cavam túneis até a superfície, ainda na forma de ninfas, que têm um corpo escuro e sem asas.Ao sair do solo, as ninfas sobem em árvores, arbustos ou outras superfícies verticais. Lá, elas passam por uma transformação chamada metamorfose. A casca externa (exoesqueleto) da ninfa se rompe, e o inseto adulto, com asas translúcidas e olhos vermelhos, emerge. Esse processo deixa para trás uma casca vazia, chamada exúvia, que muitas vezes vemos grudada em troncos.As cigarras adultas vivem apenas algumas semanas, geralmente de quatro a seis. Durante esse tempo, os machos cantam para atrair as fêmeas. É então que, com o acasalamento, esses animais depositam seus ovos – cada fêmea pode gerar centenas deles – nas árvores.Depois que os ovos eclodem, as pequenas ninfas (que têm o tamanho de um grão de arroz) saem dos galhos. Como não têm asas e são frágeis, elas caem das árvores diretamente no solo. Assim que tocam o chão, começam a cavar. É quando o ciclo recomeça. “É um fenômeno maravilhoso. Você pode levar seus filhos para observar as cigarras saindo das crisálidas e se perguntar como elas evoluíram”, disse Chris Simon, especialista em cigarras da Universidade de Connecticut, à agência de notícias AFP.As cigarras não são gafanhotos, apesar de muitas vezes serem confundidas com eles. Elas pertencem à ordem dos hemípteros, como percevejos e pulgões. Não mordem, não picam e não são venenosas – ou seja, são inofensivas para humanos e animais. A Federação Nacional da Vida Selvagem dos EUA diz que as cigarras beneficiam o ecossistema. Isso porque elas aeram o solo, servem de alimento para aves, guaxinins e outros predadores, e, ao se decomporem, fornecem nutrientes para as árvores.As cigarras podem danificar árvores jovens, mas redes podem protegê-las, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Elas não consomem folhas, flores ou frutas. Chris Simon incentiva o público a apreciar o espetáculo: “Os insetos são essenciais para a sobrevivência do mundo.”Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp