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O que se sabe e o que falta esclarecer sobre o atentado contra Cristina Kirchner

Vice-presidente argentina sofreu uma tentativa de assassinato em frente à residência onde mora; suspeito brasileiro está detido

Internacional|Do R7, com informações da AFP

Cristina Kirchner deixou casa onde mora pouco menos de 24 horas após ataque
Cristina Kirchner deixou casa onde mora pouco menos de 24 horas após ataque

Um atentado inédito desde o retorno à democracia na Argentina contra a vice-presidente Cristina Kirchner na noite de quinta-feira (1º), que saiu ilesa, deixa muitas interrogações sobre as circunstâncias da tentativa de assassinato e a personalidade do agressor.

Como aconteceu o atentado?

Imagens de vídeos mostram o agressor que se aproxima a poucos centímetros da vice-presidente, aponta uma pistola contra ela e aciona o gatilho, mas o disparo falha, no momento em que Cristina cumprimentava centenas de seguidores que a esperavam diante de sua residência para manifestar apoio.

"Vi atrás do meu ombro esse braço com uma arma e, junto com outras pessoas que estavam ali, conseguimos controlá-lo", contou à AFP um dos simpatizantes de Cristina Kirchner que estava no local.

O advogado da vice-presidente, Gregorio Dalbón, disse "não ter nenhuma dúvida" de que a segurança dela falhou e acrescentou que 'ainda não se sabe se foi uma pessoa solitária ou se há algo mais'.


Segundo Dalbón, no momento do ataque, Cristina não percebeu o que tinha acontecido. "Ela percebe uma confusão, [mas] só se deu conta de que foi um arma quando chegou no apartamento. Ela não percebe a arma, por isso continua autografando livros", contou.

A arma era uma pistola Bersa 380 e estava apta para ser utilizada. Tinha cinco balas no carregador. Não tinha um projétil no tambor. O agressor acionou o cão e o gatilho mas não houve disparo de projétil, segundo a perícia policial.


Ainda não se sabe se os disparos não ocorreram porque o agressor estava nervoso e não acionou corretamente o cão, ou se a arma é antiga e sem manutenção.

Durante um diligência policial em sua casa nesta sexta-feira, foram encontradas 100 balas de calibre 9 mm.


Quem é o agressor?

Polícia encontrou mais de 100 balas de calibre 9mm
na casa de Fernando
Polícia encontrou mais de 100 balas de calibre 9mm na casa de Fernando

Trata-se de Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, de nacionalidade brasileira e filho de um chileno e uma argentina. Viveu na Argentina desde a infância e esteve radicado por um tempo no Uruguai, de onde retornou a Buenos Aires em 2018.

Em 2021, foi indiciado por porte ilegal de arma branca, uma faca de 35 cm de comprimento, mas o caso foi arquivado. Não tinha uma ocupação formal conhecida, mas, segundo um vizinho, trabalhava como motorista de aplicativo.

Pelas redes sociais, publicou diversas fotos com aspectos e estilos diferentes: cabelos longos e curtos, com ou sem barba, exibindo várias tatuagens, entre elas um sol negro, símbolo utilizado pelos nazistas. O perfil no Instagram de Fernando foi fechado na madrugada desta sexta.

O que a Justiça está investigando?

O caso está registrado como tentativa de homicídio qualificado. A juíza María Eugenia Capuchetti está a cargo da investigação junto do promotor Carlos Rívolo.

Hoje, a juíza inspecionou o local do atentado e ouviu o depoimento de Cristina. No tribunal, ouviu os depoimentos de testemunhas, policiais e seguranças. O suspeito foi detido e transferido ao tribunal para ser interrogado.

O advogado de Cristina disse que pedirá à juíza para que a cliente seja incluída como parte querelante no caso que investiga a tentativa de homicídio.

A vice-presidente ainda não fez declarações, mas na tarde desta sexta-feira (2) saiu de casa pela primeira vez desde a tentativa de assassinato sofrida. Acompanhada por dezenas de seguranças e policiais, Kirchner acenou para simpatizantes que peregrinavam em frente à residência, na Recoleta.

Na segunda, devem começar as alegações da defesa no julgamento em que Cristina é acusada de fraude ao Estado e associação ilícita durante mandato no qual o Ministério Público solicitou uma pena de 12 anos de prisão e a inabilitação política da ex-presidente. Com um total de 13 acusados, estima-se que os advogados de defesa se pronunciarão no fim de setembro.

Milhares se reúnem nas ruas de Buenos Aires em protestos contra ataque a Cristina Kirchner

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