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O que se sabe sobre a desertora que quer processar Kim Jong-un por tortura

Mulher que fugiu do regime norte-coreano move ação inédita contra o líder e quatro autoridades, alegando abusos sofridos em prisão

Internacional|Do R7

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Líder norte-coreano Kim Jong-un participa de reunião do Partido dos Trabalhadores da Coreia, em 28 de maio de 2025 Divulgação/KCNA (Agência Central de Notícias da Coreia)

Uma desertora norte-coreana, identificada como Choi Min-kyung, afirma que irá abrir um processo civil e criminal nesta sexta-feira (11) contra o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, por abusos que alega ter sofrido enquanto esteve detida no país.

A ação, apoiada pelo Centro de Banco de Dados para os Direitos Humanos na Coreia do Norte (NKDB), é a primeira do tipo movida por uma cidadã nascida na Coreia do Norte contra o ditador, segundo a organização.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Choi Min-kyung, desertora norte-coreana, processa Kim Jong-un por tortura e violência sexual sofridas na prisão.
  • Primeira ação de uma cidadã da Coreia do Norte contra o ditador, com apoio do NKDB.
  • Choi, que fugiu em 2012, luta contra traumas psicológicos e busca responsabilização criminal.
  • Organização de direitos humanos pretende levar o caso à ONU e ao Tribunal Penal Internacional.

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Choi tentou escapar da Coreia do Norte em 1997, cruzando a fronteira com a China, mas foi capturada e repatriada à força. De volta ao país, ela relata ter enfrentado tortura e violência sexual durante sua detenção.

“Como vítima de tortura e sobrevivente do regime norte-coreano, carrego uma responsabilidade profunda e urgente de responsabilizar a dinastia Kim por crimes contra a humanidade”, declarou Choi em um comunicado divulgado pelo NKDB.


Após anos de sofrimento, ela conseguiu fugir novamente em 2012 e se estabeleceu na Coreia do Sul. Mesmo após mais de uma década, Choi diz que ainda lida com o trauma psicológico causado pela prisão, dependendo de medicamentos para enfrentar os efeitos do que viveu.

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O processo, que também cita outros quatro altos funcionários do regime norte-coreano, é considerado um marco por sua abordagem dupla: além de acusações cíveis, busca responsabilização criminal, algo nunca antes feito em casos contra a Coreia do Norte.


“Até agora, os processos contra o regime se limitaram a ações cíveis”, explicou Hanna Song, diretora-executiva do NKDB, em entrevista ao serviço coreano da rede britânica BBC.

A organização planeja levar o caso à ONU (Organização das Nações Unidas) e ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, na tentativa de ampliar a pressão internacional sobre o regime.


“Desejo sinceramente que esse pequeno passo se torne uma pedra fundamental para a restauração da liberdade e da dignidade humana, para que nenhum outro norte-coreano inocente sofra sob esse regime brutal”, afirmou Choi.

Violações sistemáticas e decisões simbólicas

Há anos, organizações internacionais de direitos humanos documentam violações sistemáticas cometidas pelo regime norte-coreano, incluindo perseguição política, discriminação de gênero e classe, e abusos contra prisioneiros.

Apesar disso, processos contra a Coreia do Norte em tribunais sul-coreanos, como o de Choi, tendem a ter caráter simbólico, já que Pyongyang ignora essas decisões.

Exemplos recentes incluem veredictos de tribunais de Seul. Em 2023, a Coreia do Norte foi condenada a pagar 50 milhões de wons (cerca de R$ 200 mil) a cada um de três sul-coreanos feitos prisioneiros de guerra durante a Guerra da Coreia.

Em 2024, outros cinco desertores coreano-japoneses, atraídos ao país com promessas de um “paraíso na Terra” entre as décadas de 1960 e 1980, receberam 100 milhões de wons cada, após relatarem detenção e trabalho forçado.

O que as vítimas realmente buscam não é apenas compensação financeira, mas reconhecimento”, disse à BBC. “Receber uma decisão judicial a seu favor significa que a história delas é reconhecida pelo Estado e oficialmente registrada.”

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