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O que significa o controle dos democratas no Senado dos EUA

Em eleição, partido de Biden consolidou mais poder para os próximos anos e uma chance de governo tranquilo ao novo presidente

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Vitória democrata no Senado é sinal positivo para governo de Biden
Vitória democrata no Senado é sinal positivo para governo de Biden

A duas semanas do fim do mandato de Donald Trump, o atual presidente ainda tinha esperança de conseguir anular a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de novembro de 2020.

Nos últimos 2 meses, o atual presidente teve 60 ações que tentavam cancelar, frear ou reverter a posse de Biden rejeitadas na Justiça dos EUA. Na noite de terça-feira (5), ele tentou a última sorte: a vitória republicana no Senado. Porém, o resultado nesta quarta-feira (6) não foi nada animador para Trump.

Os senadores democratas Raphael Warnock e Jon Ossoff venceram o segundo turno na Geórgia e os com isso o partido conquistou a maioria no Senado, posição que os republicano ocupavam na casa desde 2015. Assim como as eleições presidenciais, o resultado foi apertado e disputado até o fim.

A Geórgia, antigo reduto republicano e conservador, teve um giro nas últimas eleições, se tornando um dos estados decisivos nas eleições e elegendo o primeiro candidato democrata desde 1992. A mudança, porém, não é homogênea, com os democratas vencendo em grandes centros urbanos e os republicanos mantendo a força, poder e influência nas regiões mais rurais.


Assim como no Brasil, o papel do Senado é fundamental. Nos EUA, o Senado é a última etapa para a aprovação de “acordos internacionais, referendar embaixadores, processos de impeachment, votação de orçamento, decisão de pautas polêmicas e, em uma eventual guerra, tudo precisa da aprovação do Senado”, explica o professor de Relações Internacionais da ESPM, Roberto Uebel. “O Senado é a instituição fundamental para que a política externa dos EUA funcione”.

Maré calma (mas nem tanto) para Biden

Com um papel tão importante, um Senado de maioria democrata indica uma governança mais tranquila para Joe Biden, que não terá que se preocupar com projetos barrados pelos republicanos e nem negociar aprovações importantes com a oposição.


Apesar de a maré parecer tranquila, não significa que Biden não vá encontrar problemas na hora de aprovar pautas complexas, como as de meio ambiente, por exemplo, e pode encontrar rusgas dentro do próprio partido.

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Segundo o professor de Relações Internacionais da FGV, Pedro Brites, com “o domínio democrata, a disputa tende a ficar no próprio partido”.


O partido democrata não é hegemônico, e tampouco pode ser encarado como sendo totalmente de esquerda. Apesar de ser menos conservador e mais disposto a negociar pautas polêmicas e se alinhar com pautas progressistas, o partido democrata está mais próximo do centro. Com isso, pautas progressistas podem acabar trazendo debates dentro do partido, entre os mais conservadores e os mais liberais.

“Mas, ainda assim, é melhor lidar com disputas dentro do próprio partido do que com os republicanos”, analisa o professor.

Além do Senado, os democratas também mantiveram o poder na Câmara, controlada por Nancy Pelosi, fazendo com que o partido detenha o poder em todas as esferas políticas e garantindo uma governabilidade mais tranquila para Biden.

Pence pode não ceder a pressão de Trump e reconhecer vitória de Biden
Pence pode não ceder a pressão de Trump e reconhecer vitória de Biden

O papel de Pence

Com mais um baque na frágil campanha de Trump para se manter no poder, ele recorreu ao aliado e vice-presidente, Mike Pence, que terá que oficializar a eleição de Joe Biden. Trump pediu ao vice que não o fizesse e o pressionou publicamente, por mensagens no Twitter. Apesar do apelo, especialistas não acreditam que o republicano cederá aos pedidos de Trump.

“Mike Pence é um político tradicional e uma figura forte no partido republicano. Ele não vai jogar fora essa carreira política”, analisa Roberto Uebel, que ressalta que não reconhecer Biden como presidente traria “resultados catastróficos” para os EUA e a política externa.

Quando entrou na chapa de Trump, em 2016, Pence era o elo entre o candidato, que nunca havia participado da política antes, com os chefes e membros importantes do partido republicano. Agora, “ele é alguém que pode ser um candidato à presidência”, aponta Pedro Brites.

Mas, para isso, “ele vai ter que conseguir se firmar como um político que respeita a Constituição, apesar da proximidade com o Trump”, conclui.

E, para isso, terá que aceitar a vitória de Biden e do partido democrata no comando do Senado.

Membros do partido republicano alinhados a Trump pretendem protestar contra a vitória de Biden no Congresso, mas parte do partido já aceitou e reconheceu a vitória do democrata e tenta se distanciar de Trump.

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